Manhã de sábado. A temperatura ambiente ultrapassava os 35 graus. Mas isso não foi motivo para que o professor Fernando César Ramirez, de Física, e um grupo de alunos da Escola Integral José Ribamar Batista (EJORB), localizada no bairro Aeroporto Velho, não saíssem de casa.
E o motivo é o mais nobre possível: conhecimento. Eles foram até o espaço do estádio Arena da Floresta para participar de uma seletiva da Olimpíada Brasileira de Astronomia e da Mostra Brasileira de Foguetes. Tanto a Olimpíada quanto a Mostra já se incorporaram ao calendário estudantil do EJORB.
A seletiva, na verdade, consiste no lançamento de um foguete feito com garrafas PET e realizado de uma plataforma confeccionada a partir de canos de PVC. “O combustível que permite a propulsão é feito com bicarbonato de sódio e vinagre, que produzem uma reação e causam uma pressão que permite o lançamento”, explicou o professor.
Ramirez explica que, na sexta-feira, 17, os alunos realizaram a prova escrita. Tanto a prova quanto o lançamento nesta etapa local ficam sob a responsabilidade de cada escola. E o EJORB, segundo ele, é a única da rede estadual de ensino a participar desta competição.
A escola participa das seletivas desde 2014 e em 2017 obteve o seu melhor resultado, ficando na faixa dos vice-campeões. Na oportunidade, a equipe que representou o EJORB ficou em 19º lugar, um resultado satisfatório considerando o fato de haver mais de 80 instituições que participaram das atividades.
Ao alcançar o “índice” dos 100 metros, a escola aguarda o convite dos organizadores da Olimpíada e da Mostra para participar, no mês de novembro, da etapa nacional que ocorre no Rio de Janeiro. “Fomos a primeira escola pública do Acre, e até agora a única, a participar da Olimpíada”, explica Ramirez.
Matemática na Ufac
O professor Ramirez não estava sozinho. Na seletiva deste ano foi auxiliado pelo ex-aluno Elivan Alves Cerqueira, cujos conhecimentos adquiridos no ensino integral do EJORB e na própria Olimpíada de Astronomia foram fundamentais para que, ano passado, ele fosse aprovado no curso de Matemática da Universidade Federal do Acre (Ufac).
Em 2017, ele estava na equipe vitoriosa que viajou ao Rio de Janeiro para representar o Acre. “Foi uma experiência sensacional, porque enquanto escola pública eu jamais imaginei ir tão longe, quanto mais voltar com a faixa de vice-campeão”, fez questão de dizer.
Uma das bases utilizadas pelos alunos na seletiva deste sábado, inclusive, foi construída por ele. “Então, estou demonstrando como eles podem construir a base de lançamento, como ela funciona e como eles podem montar o foguete para ter um bom alcance”, disse.