A Secretaria de Assistência Social, Direitos Humanos e Políticas para as Mulheres do Acre (SEASDHM) visitou o município de Feijó de 13 a 17 de setembro, realizando diversas atividades em nome do governo do Estado.
A primeira dessas ações foi a oficina realizada no Centro de Educação a Distância (Cedup), do dia 13 ao 16. O evento teve suas expectativas superadas, contando com a participação de lideranças indígenas e de diversos representantes de instituições governamentais e não governamentais, com o intuito de debater a assistência social dirigida aos povos indígenas, com os seus saberes e vivências.
O encontro serviu para estreitar as relações do poder público com a comunidade, garantindo-lhe o acesso a políticas de saúde, educação e meio ambiente. Além de aprofundar o conhecimento sobre as ações feitas pela assistência social, foram apresentados os direitos e serviços socioassistenciais que os povos indígenas podem acessar, que muitos desconheciam.
“Os programas sociais devem prever a participação indígena para garantir que seus direitos sejam reconhecidos, respeitados, valorizados e, principalmente, considerados pelas políticas públicas. É fundamental ter essa experiência de dialogar, fortalecendo a troca e engrandecendo nossas relações interculturais”, afirmou a titular da SEASDHM, Ana Paula Lima.
A secretária ainda destaca que é necessário qualificar as equipes técnicas para realizar esses trabalhos com a plena consciência de que os indígenas mantêm valores éticos e culturais próprios.
Participaram diretamente da oficina os povos Kaxinawá (Huni Kuin) e os Shanenawas. Os Kulina (Madijá) e os Ashaninka, representados pelo Conselho Indígena Missionário (Cimi), não tiveram participação, mas foram visitados em seus acampamentos, localizados às margens do Rio Envira, pela secretária e pela equipe de saúde indígena.
Andréia Guedes, técnica de referência para assuntos indígenas, descreve o encontro: “Foi um grande êxito, uma troca de experiências com os saberes dos povos indígenas, enriquecendo as equipes, os assistentes sociais e todos os envolvidos”.
A técnica relata que foi um momento de conhecer a realidade dos povos presentes, quando lideranças indígenas relataram problemas socioassistenciais que ocorrem em suas terras. Andréia antecipou que a SEASDHM pretende buscar soluções em conjunto. Um dos problemas enfrentados pelos povos Madijá e Ashaninka, por exemplo, é o alcoolismo, uma questão de dependência química que é um desafio a ser enfrentado já este ano e fortalecido em 2022.
A Aldeia Nova Morada, que se encontra na Terra Indígena Shanenawa, comandada pelo cacique Carlos Brandão, também foi visitada no intuito de conhecer o povo que lá reside e resultou num momento de troca de experiências e de cultura, com pinturas, música e roda de conversas.
Além da oficina e das visitas aos povos indígenas, o governo do Estado, ofertou cestas básicas para 620 famílias indígenas do município de Feijó, provendo cerca de 31 mil toneladas de alimentos. As primeiras 26 cestas foram entregues às famílias acampadas ao longo das margens do rio.
As demais cestas foram repassadas para diversas instituições, que trabalham direta e indiretamente com os indígenas. Sendo elas a Secretaria Municipal de Assistência Social (SASDH), a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), o Cimi e a Organização dos Povos Indígenas do Rio Envira (Opire), presidida pelos povos indígenas que lá residem.
O recurso das cestas é resultado da lei complementar 173/2020 de enfrentamento à Covid-19 e do convênio pactuado com o governo federal. O projeto busca garantir assistência aos povos indígenas e os prover com alimentos com um alto teor de proteína e carboidrato reduzido.