Vinte e cinco estudantes de Tarauacá realizaram nesta semana o sonho de concluir o ensino superior, por meio do Programa Especial para a Formação de Professores em Matemática (Proemat).
Executado pelo governo do Estado, através da Secretaria de Educação e Esporte (SEE), em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac), o programa foi criado em 2013 e oferta ao todo 400 vagas para a realização da licenciatura plena em Matemática. Dessas, 200 são para Rio Branco, 100 para Cruzeiro do Sul, 50 para Brasileia e 50 para Tarauacá.
O acompanhamento da formação dos estudantes é realizado pela Coordenação de Ensino Superior e à Distância da SEE. O curso dura em média entre 8 e 10 semestres letivos.
O secretário Marco Brandão (SEE) acompanhou a formatura dos estudantes e destacou a importância da parceria com a Ufac, que oportuniza um curso de graduação presencial. “Por meio dessa iniciativa do governador Tião Viana, os jovens têm a oportunidade de continuar os estudos sem sair de suas cidades, sem ficar longe da família”, enfatizou.
Sonho de fazer outra faculdade
Entre os jovens que estão concluindo a graduação em Matemática pelo Proemat, Sidney Lustosa dos Santos, 22 anos, já tem planos para o futuro: cursar outra faculdade, de preferência engenharia. “Gosto muito dessa área de matemática.”
Por enquanto, ele trabalha na secretaria do Instituto São José, atividade profissional que já exerce há dois anos. Para ingressar no curso, ele não perdeu tempo. Concluiu o ensino médio em 2012 na Escola Djalma Batista e 2013 já estava na lista dos aprovados para o Proemat.
“Foi a primeira vez que um curso desses veio para cá e abracei a oportunidade porque antigamente, se a gente quisesse fazer um curso superior presencial, tinha que ir para Rio Branco. Agora não, podemos estudar aqui mesmo”, fez questão de dizer.
Quem tem uma história de superação e vitória é o professor Manoel Muniz. Aos 35 anos, ele realiza o sonho de se formar em Matemática. “Não sabia quando, mas sabia que um dia iria me formar exatamente nessa área, que eu gosto e com a qual me identifico”, afirma.
Mas chegar até aqui não foi fácil para ele. De um total de doze irmãos, ele foi o primeiro da família a se formar. Como nasceu longe da cidade, no seringal Redenção. Veio para a cidade somente aos 14 anos, onde foi fazer o supletivo I e II na Escola Plácido de Castro.
Não sem antes morar em outras localidades como os seringais Democracia e Alto Alegre. Antes do Instituto São José, onde dá aulas há três anos, passou pelo Pró-Saúde (7 anos) e deu aulas no Programa Especial do Ensino Médio (PEEM) por dois anos, depois que concluiu o magistério na escola Djalma Batista.
“Está sendo a realização de um sonho, pois os meus irmãos não tiveram condições de estudar porque até meados da década de 90 não havia escolas na zona rural e, mesmo na cidade, sempre tive que conciliar estudo com trabalho para poder me formar”, disse.
Melhorar a vida da família
Cada um tem seus sonhos e objetivos. Os do professor Antônio Jaisson Rodrigues da Rocha, de 23 anos, é ajudar a melhorar a vida da família. Ele é um dos vinte e cinco formandos do curso de Matemática, possível por meio do Proemat, no município de Tarauacá.
Em seu primeiro ano como docente no Instituto São José, Antônio concluiu o ensino médio em 2012 na Escola Djalma Batista. Em 2015 foi dar aulas no km 100 da BR 364, sentido Tarauacá/Cruzeiro do Sul.
“Gosto de matemática e com um curso superior posso até me preparar para um concurso, mas por enquanto meu objetivo é continuar ministrando aulas mesmo”, fez questão de dizer.
Aprendendo a gostar de matemática
Eliene Miranda Monteiro, de 25 anos, aprendeu a gostar de Matemática durante a graduação, possível por meio da parceria do governo (SEE) com a Ufac. “Meu sonho era fazer inglês”, declara.
Mas ela não se fez de rogada. Quando estava concluindo o ensino médio na Escola Djalma Batista, Eliene foi dar aulas no Programa Alfa 100 (alfabetização) no Presídio estadual Moacir Prado. “Lá em ganhava uma bolsa”.
Depois de ser aprovado em um seletivo, Eliene foi trabalhar na zona rural, onde deu aulas para alunos no seringal Capela. Quando soube da aprovação no vestibular estava lotada na comunidade Extrema, uma comunidade ao longo do rio Gregório. “Quando iniciaram as aulas eu estava até gestante”, lembra.
As coisas melhoraram depois de um ano na faculdade, quando veio dar aulas na Escola Edmundo Pinto, no bairro Corcovado. Há dois meses ela trabalha no núcleo da SEE de Tarauacá e pretende voltar das aulas assim que passar a formatura.
“Matemática foi a oportunidade que apareceu, mas o meu sonho era fazer inglês. Agora, depois que voltar a dar aulas, pretendo avançar e fazer um mestrado e doutorado”, diz com muito orgulho.