Com o surgimento do Complexo de Piscicultura Peixes da Amazônia S.A. e da empresa Dom Porquito, o Acre prepara seu caminho para a consolidação da cadeia produtiva de carne. Somando investimentos na bovinocultura, piscicultura, suinocultura, avicultura e ovinocultura, o Estado desponta para um novo caminho rumo à independência econômica. Surge um mercado que interage com todos os outros setores da economia acreana.
A mudança de perspectivas econômicas tem sido tão grande que só a produtora de carne suína Dom Porquito, de Brasileia, consome hoje, aproximadamente, 46 mil sacas de milho por mês. Já a Peixes da Amazônia, em Senador Guiomard, está consumindo 40 mil sacas como uma das fontes para ração. Assim, a produção de animais está mudando a produção no campo. Para esta demanda que não para de crescer, são necessários mais de 8 mil hectares de plantação de milho no Estado. Não é à toa que o milho tem sido a cultura em maior expansão na produção acreana.
“Oito mil hectares de plantação de milho exigem mais pessoas no trabalho rural. Só de tratores pra acompanhar a produção nós calculamos pelo menos 20. São novas máquinas compradas, mais comércio de diesel, mais empregados. São setores que se completam”, explica Inácio Moreira, presidente da Agência de Negócios do Acre (Anac).
Em outro exemplo Inácio cita que para o frigorífico da Peixes da Amazônia S.A. conseguir a permissão de exportações (SIF), as agências reguladoras exigem que os empregados estejam devidamente fardados. Como são mais de 260 empregos diretos, as malharias do estado terão uma grande nova demanda.
Frigorífico suíno
O frigorífico da Dom Porquito já está sendo construído e deve ser inaugurado em abril. Com um abatedouro suíno com tecnologia de ponta, a região do Alto Acre deve expandir ainda mais o negócio de carne suína e virar uma nova referência, com a geração de até 800 novos postos de trabalho. Se atualmente o estado possui duas mil matrizes de suínos, com sete mil animais em engorda neste momento. A expectativa é que até o final do ano o número salte para 4,5 mil matrizes.
Com o número de animais mais que dobrados, a Dom Porquito espera que até o final do ano seja capaz de gerar 50 toneladas de carne suína diariamente. Para o final de 2016 a expectativa é que a produção salte para 800 animais abatidos por dia, gerando 80 toneladas de carne. Instalada à beira da BR-317, a Dom Porquito tem planos ousados para o futuro, não só mirando o mercado nacional, mas também o peruano, que tem mandado representantes para negociações.
Alta expectativa
Atualmente a Peixes da Amazônia S.A. está concluindo suas instalações físicas. Será o maior complexo de piscicultura do Brasil e são grandes as expectativas para quando seu funcionamento estiver pleno. “Com a produção de 20 mil toneladas por ano de pescado, vamos imaginar que o frigorífico empacote 10 mil toneladas de filé de peixe por ano. Só aí, no preço atual, são R$ 200 milhões por ano”, conta Inácio Moreira.
O complexo possui investimentos de mais de R$ 100 milhões em uma parceria público/privada. A estrutura societária da Peixes da Amazônia S.A. foi feita de forma que contemplasse pequenos e grandes produtores. A Central das Cooperativas, que conta com 3.500 produtores associados, é uma das acionistas ao lado de outros 15 grandes empresários e o governo estadual.
Com pequenas propriedades também investindo na piscicultura, o peixe não é apenas uma fonte de renda, mas também de alimentação.
Fernando Lima, titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis do Acre (Sedens) ressalta: “Toda a cadeia produtiva diminui a pressão sobre a floresta, principalmente nos pequenos produtores rurais, que tem como alimentar a família deixando de recorrer a caça, por exemplo”.