A meta da ressocialização tem um novo aliado: o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Mais uma turma do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE) foi certificada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), após o curso de Salgadeiro. A formação de 160 horas levou os 14 socioeducandos para a cozinha. Em grupo, eles aprenderam a receita de um futuro melhor.
O Pronatec oferece cursos visando a inserção no mercado de trabalho. Com duração de quatro horas, as aulas diárias práticas foram realizadas no instituto, e esse é o segundo curso em 2014. A ocupação do tempo gera bons resultados, principalmente no comportamento, ressalta o diretor interino, Adrio Andrade. “O empenho faz parte da reabilitação dos garotos”, diz. “Há muito tempo não sabemos o que é revolta, brigas e problemas graves no ISE, porque estamos tendo uma boa resposta.”
Sentenciados
Flávio (nome fictício), um dos jovens que fez a capacitação, compartilha seu arrependimento: “O mais difícil é ter perdido a confiança das pessoas”. Ele tem 18 anos e conta que não terminava nada que começava: “Nenhum curso, nem a escola”. Por isso pondera que a experiência o faz dar valor a fatos importantes da vida. “As amizades me levaram ao vício. Se eu tivesse a mente ocupada, talvez nada disso tivesse acontecido”, admite.
Sua irmã e a namorada foram prestigiar a certificação e apoiar a vitória do jovem. Meire da Silva namora há dois anos o garoto: “Eu estou aqui porque amo ele mesmo”, declara. Flávio, embaraçado, também faz reafirmações que determinam seu compromisso com sua nova história de vida. “Meus pais nunca desistiram de mim, por isso eu tenho que melhorar”.
“Ele disse que está enjoado desta vida”, conta Marineide Diógenes, que veio parabenizar Luciano (nome fictício), seu sobrinho e afilhado. Eles residiam na zona rural de Rio Branco e Marineide conta que André (nome fictício) nunca fez um curso e teve poucas oportunidades. “Foi vendo os outros mexerem com droga que ele mexeu também. Agora ele está limpo”, relata.
Pronatec
Desde 2013, após parceria entre os ministérios da Educação e Justiça, o Pronatec passa a alcançar presos e egressos. O programa fornece uma bolsa para todos os participantes. Juscilene da Silva, mãe de um socioeducando, conta que parte do dinheiro é usada para levar itens para o seu filho e outra parte é guardada para quando ele sair. “Esse é o primeiro dinheiro limpo que eu ganhei, com suor e esforçado, não é da mesma forma que eu ganhava antes”, admite o rapaz.
O grupo de alunos discursou em agradecimento à mediadora do Senai, Rosineide Dias. “Muitos nem querem vir pra cá, por causa do preconceito. A professora veio de coração aberto e a sua dedicação nos ensinou muito. Nós só temos a agradecer”, ressalta um socioeducando.