O local é simples e pequeno, mas aconchegante. Com quatro cômodos – sala, cozinha e dois quartos –, a Casa de Bárbara é o lar provisório disponibilizado pela Maternidade Bárbara Heliodora para mães de bebês que nascem prematuros e ficam por algum tempo internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Criança ou em outras situações em que a mulher está grávida, por exemplo, e precisa permanecer em tratamento na maternidade, mas não tem onde ficar.
Funcionando há mais de quatro anos, a Casa de Bárbara abriga uma média de 20 a 25 mulheres por mês. O tempo de permanência é variável. Cinco cuidadoras se revezam para auxiliar as grávidas e mães que, para passar o tempo, aprendem a confeccionar artesanatos com tecidos e materiais recicláveis, além de terem um dia de beleza, periodicamente.
“É um momento muito delicado para essas mulheres. Elas saem de seu município, ficam longe dos parentes e amigos, e muitas delas não têm onde ficar durante o tempo em que precisam estar aqui. Foi pensando nelas que a Casa foi criada”, explica a assistente social Alcioneida de Souza.
Na Casa de Bárbara, todas as mulheres se ajudam e dividem tarefas. As que não estão de resguardo cozinham e ajudam na limpeza, como se estivessem em casa. “Muitas delas também trazem a mãe ou uma tia, que também são igualmente acolhidas. Não é permitido aos homens dormir na casa, mas eles podem visitar suas esposas e companheiras tranquilamente”, enfatiza Alcioneida.
A jovem Francisca Jeane deu à luz a pequena Ana Vitória em Cruzeiro do Sul. Prematura, a criança nasceu com várias complicações e precisou ser transferida para o Hospital da Criança, na capital, onde permanece internada há 10 dias. O marido de Jeane fica na casa de parentes, no bairro Calafate, e visita a esposa e a filha regularmente.
“Não sei como seria se não tivesse a casa para eu ficar. Aqui é só atravessar a rua e já posso ver minha filha, além de ser muito bem tratada”, conta Francisca.
Outra mãe acolhida pela Casa é Janiara de Lima, que está com nove meses de gravidez. Ela mora em Jordão e veio a Rio Branco fazer exames na maternidade, mas, como já está no fim da gravidez, o obstetra achou prudente ela não voltar ao município, pois o parto poderia acontecer no meio da viagem.
“Estou só esperando a hora de ter o bebê, mas estou tranquila, pois, mesmo longe de casa, da família, aqui estou sendo tratada como se estivesse na minha casa. Eu achei muito bom ter um lugar para ficar, porque senão eu teria que voltar para Jordão, e talvez tivesse que retornar a Rio Branco na hora do parto. Iria ser muito difícil”, relata.
Para ajudar na manutenção da casa, a direção promove algumas vezes ao ano um bazar. O dinheiro é utilizado para comprar móveis, alimentos e produtos de limpeza e higiene pessoal.
Para a cuidadora Cleiciane Brandão, a convivência com as mulheres na Casa de Bárbara é muito gratificante. “É uma troca constante de experiências. Algumas mulheres já chegaram a ficar aqui por três meses, então a gente acaba criando um vínculo com elas, virando até amigas”, finaliza.