Expedição está sendo tratada como épica por pesquisadores que vão estudar as zoonoses que circulam entre pequenos mamíferos roedores, marsupiais e morcegos.
Um grupo formado por 11 pesquisadores está no Parque Estadual Chandless para realizar uma investigação zoológica e epidemiológica que envolve tanto os moradores da comunidade, quanto pequenos mamíferos. O Governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) apoia a pesquisa, e o secretário Israel Milani foi até a Unidade de Conservação (UC), neste final de semana, para acompanhar os trabalhos.
Para o secretário Israel Milani, o incentivo à pesquisa é uma das prioridades da Sema. “As nossas áreas naturais protegidas possuem um imenso potencial a ser explorado. Essa pesquisa da Fiocruz, em especial, colabora com a qualidade de vida da população que reside no Chandless, já que também tem o viés da saúde pública”, falou.
A pesquisa está sendo realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com a participação de estudantes e professores da Universidade Federal do Acre (Ufac) e do Instituto Federal do Acre (Ifac). Um laboratório de campo foi montado na sede do parque, com todos os equipamentos necessários para realizar a pesquisa. Entre os profissionais que compõem a equipe estão: zoólogos, biólogos, técnicos em biossegurança, veterinários, um médico e uma enfermeira.
Os trabalhos iniciaram no dia 28 de outubro e encerram nesta quarta-feira, 6 de novembro. Até o momento, 24 pessoas foram atendidas e foram coletadas amostras biológicas de aproximadamente 12 espécies de morcegos e 8 espécies de roedores e marsupiais. Nove cães de moradores também foram avaliados. Após a coleta de sangue, os animais foram vacinados. Os dados são preliminares e esses números podem aumentar.
O pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Dr. Paulo Sérgio D’Andrea, considera épica a expedição ao Chandless. “Estamos estudando a fauna de mamíferos locais e, como nosso grupo está inserido numa instituição de pesquisa em saúde pública, também vamos abordar o aspecto das zoonoses que estão circulando nesses animais. Como existem populações residentes no parque, vamos realizar também uma investigação epidemiológica”, explicou.
Paulo Sérgio, coordenador geral da expedição, lembrou ainda que o trabalho no Chandless exige uma logística complexa e um custo alto. “Essa expedição precisa ser aproveitada ao máximo. Dela sairão alguns projetos de monografias, mestrado e doutorado. O parque tem um potencial imenso para gerar muitas informações, principalmente porque o Acre é pouco estudado e possui uma biodiversidade muito rica”.
Trabalho pioneiro
O pesquisador Luiz Borges, que acompanha o Programa Monitora do governo federal no Parque Estadual Chandless, disse que esse trabalho com pequenos mamíferos não voadores é pioneiro na UC. Todas as pesquisas desenvolvidas no parque contam com o subsídio do governo do Estado, por meio da Sema, e são financiadas principalmente pelo ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia), um programa do governo federal, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), gerenciado financeiramente pelo FUNBIO (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade).
“Esse é um trabalho riquíssimo e inédito no Chandless. Nós havíamos realizado uma pesquisa com pequenos mamíferos não voadores, mas não teve essa amplitude. A pesquisa é um ponto forte do parque e é uma colaboração generosa para os trabalhos acadêmicos”, afirmou, entusiasmado, o pesquisador Luiz Borges.