Há 26 anos morria o líder extrativista Chico Mendes. Foi na noite de 22 de dezembro de 1988, uma semana após completar 44 anos de idade, que Francisco Alves Mendes Filho foi assassinado com um tiro de escopeta no peito, na porta de sua casa, em Xapuri, Acre. O sindicalista virou mártir da causa ambientalista.
Chico Mendes, com sua luta pela preservarão das florestas, chamou a atenção do mundo inteiro para a proteção do meio ambiente e promoveu o debate ecológico.
Uma de suas últimas entrevistas foi com o jornalista Edilson Martins, duas semanas antes de ser assassinado. Seu anúncio de que iria ser morto era claro, e ao mesmo tempo demonstrava sua vontade de querer viver para lutar em prol das florestas, como nas últimas palavras ditas na entrevista.
“Se descesse um enviado dos céus e me garantisse que minha morte iria fortalecer nossa luta, até que valeria a pena. Mas a experiência nos ensina o contrário. Então eu quero viver. Ato público e enterro numeroso não salvarão a Amazônia.”
Para Ângela Mendes, filha de Chico, o legado deixado pelo pai, nos tempos de hoje, tem alcançado o que ele sonhava para a preservação da natureza e dos povos da floresta, mesmo que seja preciso mais avanços.
“Nesse dia, as lembranças são fortes e emanam do coração, mas é importante ressaltar que os sonhos do meu pai, principalmente nesse processo de que é possível o homem viver em paz com a natureza, têm sido disseminados. Hoje não se discute política ambiental e sustentabilidade sem levar em conta o legado deixado por meu pai”, disse.
O líder extrativista
Nascido em 15 de dezembro de 1944, em Xapuri, trabalhou desde criança no seringal Porto, com o pai. Chico Mendes aprendeu a ler aos 20 anos. A partir de 1973, passou a se envolver em conflitos de terras com fazendeiros. Criou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasileia. Chico, a partir daí, ganhou destaque ao promover os “empates”, manifestações pacíficas de seringueiros que protegiam as florestas.
Em 1977, fundou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e foi eleito vereador na Câmara Municipal. Um ano depois, recebeu sua primeira ameaça de morte. Em 1980, foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores no Acre. Chico Mendes denunciou a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros provocados por projetos financiados por bancos estrangeiros. No ano de sua morte, ganhou o prêmio Global 500, oferecido pela ONU. Em 2013, O ativista foi reconhecido, por lei, como patrono nacional do meio ambiente.