Durante o mês de fevereiro, a Agência Nacional das Águas (ANA) esperava uma média de 289 milímetros de chuva para Rio Branco. Mas desde o início do mês, só uma estação de análise localizada no centro da cidade registra o acúmulo de 429 mm.
Junto ao grande acúmulo de precipitações em até 700 mm nos últimos 90 dias, que deixou o solo saturado, as pancadas de chuva dos dias 13 e 14 (terça e quarta-feira) causaram muitos danos. Mais de 20 bairros foram atingidos pelas águas de igarapés e córregos que transbordaram após 10 horas de chuva ininterrupta, resultando num total de 277 milímetros.
Vera Reis, pesquisadora e diretora técnica do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais (IMC), explica que o fenômeno natural ocorrido nesta semana foi um evento concentrado na capital acreana e de difícil previsibilidade.
“A falta de previsibilidade é para chuvas intensas e localizadas em uma única região. Por exemplo, em uma estação no centro da cidade ocorreu uma precipitação de 277 mm, enquanto outra a menos de cinco quilômetros teve um número bem menor registrado”, explica Vera. Ela afirma ainda que a bacia do Rio Acre é pequena, não absorve muita água e por isso os afluentes transbordam com mais facilidade.
Vera afirma também que existe um fenômeno global que está afetando o movimento das chuvas em todo o país, que é o La Niña. Isso significa uma alteração das temperaturas médias do Oceano Pacífico, fazendo com que na Região Amazônica aumente a intensidade da estação chuvosa.
O mesmo fenômeno de chuva inesperada e intensa ocorreu também na cidade do Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 15. A cidade teve o maior volume de precipitação em uma hora desde 1997, causando quatro mortes até o momento e alagando residências.
Ação pós-chuvas
A prefeitura de Rio Branco, junto à Defesa Civil Municipal, trabalha na ação emergencial para amparar as famílias atingidas. O governador Tião Viana determinou que as equipes do Estado e o Corpo de Bombeiros atuem dando todo o apoio necessário desde o início das atividades.
O prefeito Marcus Alexandre explica como estão sendo feito os serviços: “A primeira ação é a proteção à vida. Na sequência, já estamos com apoio na limpeza após as águas descerem, também restabelecer a água potável e o cuidado emergencial com as famílias que perderam seus bens. Nós tivemos umas das maiores chuvas da história, concentrada em dez horas”.
Nas últimas 24 horas, mais de mil kits foram distribuídos. Estão sendo feitos o levantamento da situação de idosos, acamados e pessoas com deficiência, o cadastramento das famílias atingidas e a verificação das necessidades mais urgentes, bem como o acionamento de carros-pipas a fim de garantir água para limpeza e também água potável.
Ao todo, 20 bairros foram atingidos, como Carandá, Pista, Bahia Velha e Bahia Nova, Plácido de Castro, Bairro da Paz, Recanto dos Buritis, Santa Inês, Judia, Canaã, Belo Jardim, Albert Sampaio, Adalberto Aragão, 10 de Junho, Edson Cadaxo, Hélio Melo e Vila Maria no Distrito Industrial e algumas regiões do Bosque, entre outros.