O dermatologista e pesquisador Willian Wood apresentou nesta sexta-feira, 12, ao governador Tião Viana o resultado final de sua pesquisa que descobriu uma cura para a doença tropical de Jorge Lobo. O estudo durou quatro anos e teve apoio irrestrito do governo do Acre, principalmente pelo fato de o Estado ter um dos maiores índices da doença, que é exclusiva da região amazônica.
Segundo o pesquisador, o tratamento capaz de curar a doença é baseado principalmente num remédio para tratar a hanseníase, o PQT, que, junto com o remédio contra fungos Itraconzol, foi capaz de eliminar o mal em quase todos os casos tratados durante a longa pesquisa.
“Uma paciente havia sido diagnosticada com hanseníase quando, na verdade, ela tinha Jorge Lobo. Mas ela não permitiu que o remédio fosse retirado, pois lhe fazia bem. Comecei a usar em outro paciente e percebi que ele também teve melhorias”, conta o médico Willian Wood.
Dos 25 pacientes tratados, 22 tiveram cura completa, num tratamento que durou de dois a quatro anos a base dos remédios. Alguns casos mais avançados precisaram de cirurgia corretiva, mas também obtiveram sucesso. Agora, o governador Tião Viana irá intervir junto ao Ministério da Saúde para que o remédio seja liberado para o Acre e, consequentemente, para toda a Região Norte, já que ele não é produzido no Brasil e é apenas autorizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Willian Wood é referência no serviço de dermatologia no Acre, dedicando sua vida a cuidar de pacientes dermatológicos. Veio pela primeira vez ao estado há 50 anos para conhecer a Colônia Souza Araújo, que recebia os pacientes de hanseníase. Vinte anos depois, voltou com as malas e a vontade de ficar, e teve contato com Tião Viana, que também se dedicava à erradicação da doença. Não deixou mais o estado. “Passei por nove governos no Acre e nunca recebemos tanto apoio para combater doenças dermatológicas como neste”, disse Wood.
A doença – Jorge Lobo é uma doença pouco conhecida pela população. Trata-se de uma micose profunda que provoca lesões na pele e pode se disseminar por todo o corpo. No Acre, existem mais de 300 casos diagnosticados, segundo dados da Associação dos Portadores de Doenças Tropicais (APDT). As lesões queloidiformes podem surgir aos poucos e se manifestar em todo o corpo se não forem cuidadas rapidamente. Além de cirurgias para a retirada de nódulos, os pacientes são submetidos a medicação para compor o tratamento, que não pode ser interrompido.