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Marechal Thaumaturgo, extremo oeste do Acre, é o maior produtor de mel de abelhas sem ferrão, as meliponas, do estado. Só em 2016, os 50 criadores da região conseguiram extrair uma produção de 1,5 tonelada de mel, que pode ser vendido de R$ 80 a R$ 100 o litro. Ao todo, o Acre produziu no último ano cinco toneladas desse tipo de mel.
Além da alternativa econômica, de baixo carbono e rentável, essa produção alta significa grande polinização das florestas nativas, requisitos básicos para se tornar uma ação de desenvolvimento sustentável.
Subindo o Rio Juruá, ao chegar no Estirão da Foz do Tejo, dentro da Reserva Extrativista Alto Juruá, é possível encontrar Raimundo Nascimento, conhecido como Raimundo do Quim. Caso não esteja em um dos roçados da comunidade, cultivando mandioca, milho, feijão, o produtor terá grande prazer em mostrar as caixas com diversas espécies de abelhas.
Raimundo faz parte do programa do governo do Estado que incentiva essa cadeia produtiva. Ele começou a criação após cursos técnicos oferecidos pela Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof).
“Eu comecei a criar porque toda vida eu gostei de mexer com esse tipo de bicho. Na mata era mais difícil tirar, então trazer as abelhas aqui para perto de mim para tirar o mel na hora que eu quiser é melhor”, relata. Essa identidade cultural com que Raimundo tem com as abelhas é um dos motivos do sucesso que o programa tem alcançado.
Nativas do bioma amazônico, as espécies como jandaíra, uruçú, tiúba, jupará, rajada, entre outras, somam mais de 600 tipos. Muitas ainda não foram estudadas pela ciência, mas sempre foram conhecidas pelos povos locais.
O uso do mel é feito dos mais diversos modos. A publicação “Valor nutricional do mel e pólen de abelhas sem ferrão da região amazônica”, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), comprova o saber empírico das comunidades tradicionais: “além de ser o adoçante natural e fonte de energia, o mel apresenta efeitos imunológicos, antibacteriano, antiinflamatório, analgésico, sedativo, expectorante e hipossensibilizador”.
“Até hoje não me arrependi de criar abelhas. Pretendo agora é aumentar cada vez mais as colmeias. Eu tiro para vender uma parte, e o resto é para comer mesmo. Meus filhos é que acham bom”, complementa Raimundo, enquanto prepara uma xícara de mel com farinha, como ele e seus filhos adoram.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row full_width=”stretch_row” full_height=”yes” content_placement=”middle” parallax=”content-moving” parallax_image=”286086″ parallax_speed_bg=”1″][vc_column][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]
Ação de governo
O programa de incentivo à cadeia produtiva do mel está em funcionamento desde 2012, e já foram capacitadas mais de 1,7 mil famílias de produtores rurais em todo o estado. Além disso, foram distribuídas mais de 6,6 mil caixas, para que essas famílias iniciassem a atividade de criação de abelhas. O investimento já ultrapassou os R$ 600 mil.
O técnico em meliponicultura da Seaprof, Anselmo Forneck, explica como essa atividade contribui tanto para a melhoria de renda quanto para a conservação das florestas. “Acima de tudo, ou antes de nada, a abelha é a principal responsável pela polinização da nossa floresta. Ela age em 82% da polinização de toda nossa Floresta Amazônica”, afirma.
Anselmo pontua também que os produtores que têm abelhas optam por alternativas para sua agricultura, sem desmatar e sem queimar. Realidade essa que se aplica a Antônio da Costa, conhecido como Caxixa, agricultor familiar no Rio Amônia, também em Marechal.
“Hoje meus frutos estão melhores, as abelhas vão lá e fazem a polinização. Você pode ver essas melancias, antes de a gente trabalhar com abelha não era tão bonita. Agora todos os anos eu produzo a melancia e tudo tem aumentado”, diz Caxixa, já anunciando para os compradores no porto da cidade que no dia seguinte irá trazer 200 de seus frutos.
Com esses resultados, a cadeia produtiva do mel se torna um grande elemento para conservação da Amazônia. Parte dos seus investimentos, no Acre, foram feitos pelo Programa REM (REDD for Early Movers – pioneiros na conservação), uma parceria do governo com o banco alemão KfW.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]
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