O decreto considerando situação de emergência pelo governo do Estado, mediante o transbordamento dos rios, oportunizou a compra emergencial de alimentos da agricultura familiar da regional de Rio Branco, via Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri), utilizando como base legal o processo de chamada pública que estava em andamento no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). A medida possibilitou a aquisição de 55 toneladas de alimentos, beneficiando 300 famílias de agricultores familiares e fornecendo alimentos de qualidade aos cidadãos que se encontram nos abrigos.
Esses números correspondem aos últimos sete dias, logo após o governador Gladson Cameli acatar sugestão do secretário da Agricultura, José Luis Tchê, durante reunião realizada dia 25 de março na Casa Civil, quando o gestor da pasta pontuou a necessidade de executar medidas imediatas capazes de evitar mais transtornos que poderiam ser ocasionados pelas perdas das produções de centenas de trabalhadores rurais que já estavam com suas produções adiantadas.
Com a paralisação dos serviços por causa das enchentes e consequente paralisação das aulas na rede pública, a tendência também seria prejuízos com a perda dessa produção, cuja compra por meio de chamada pública, via organizações sociais, ocorreria na primeira semana de abril. Para garantir agilidade, a Divisão de Apoio à Produção Familiar da Seagri entrou em contato com os sindicatos, associações e cooperativas, a fim de obter agilidade no contato com os produtores e entrega dos alimentos.
Segundo o chefe da Divisão de Apoio à Produção Familiar, Igor Honorato, diariamente as organizações sociais descarregam os alimentos no pátio do órgão, para posteriormente serem entregues pela Seagri nos abrigos instalados nas escolas, nas organizações não governamentais, restaurante popular, parque de exposições. Os municípios de Epitaciolândia, Brasileia e Assis Brasil receberam oito toneladas de produtos esta semana.
“Diariamente recebemos, pesamos, organizamos e encaminhamos toneladas de alimentos oriundos da agricultura familiar para os abrigos, sendo a maioria deles hortifrútis, legumes, goma, farinha, tudo em um ritmo frenético em todos os turnos”, lembrou Honorato.
A trabalhadora rural Elisabete dos Santos, 53, produtora de farinha no Assentamento Caquetá, em Porto Acre, acredita que Deus ouviu as orações das centenas de famílias de trabalhadores rurais e tocou no coração do governo e do secretário para que adotassem essa medida, evitando assim o sofrimento que teriam com os prejuízos pelas perdas das produções.
“Quando fomos avisados pela associação, o clima foi de festa e agradecimento. Estamos trabalhando de sol a sol para trazer nossas produções e parece um sonho em meio ao pesadelo que tem sido essa enchente”, observou Elisabete dos Santos.