Localizada em um antigo seringal, às margens do Rio Juruá, em Rodrigues Alves, a Indústria de Extração de Óleo Nova Cintra, beneficia o murumuru de cerca de 250 famílias coletoras. Os moradores da Vila Nova Cintra, que antes prestavam serviço para a indústria, hoje a administram como cooperados e já colhem os frutos da nova fase: três toneladas de óleo vendidos – a maior extração do empreendimento.
José Lima, um dos 30 cooperados de Nova Cintra, é um bom espelho de seu grupo. Começou a trabalhar na indústria em 2010, como servente-geral. Com o tempo foi aprendendo os caminhos das máquinas, e hoje, com mais cinco companheiros, consegue realizar todo o processo de ligar, jogar o coco do murumuru para quebrar, verificar, manter, consertar os equipamentos e observar o óleo escuro que cai.
Para o ex-agricultor, que trabalha todo dia, o serviço não é nada complicado: “Se tem coco, é um trabalho de todo dia. Você quebra, seleciona e tira o óleo”. Com quatro anos trabalhando com as máquinas, o operário, nascido em Cruzeiro do Sul, resume de forma simples por que segue na cooperativa e no serviço: “Gosto disso aqui”.
Apoio que gera renda e união
Vendo a potencialidade do murumuru, dos coletores e da comunidade de Nova Cintra, o governo acreano permanece investindo nessa indústria. Em 2013 a Secretaria de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens) destinou R$ 150 mil para a cooperativa realizar a compra do coco, coletado de Rodrigues Alves até Porto Walter, ao longo do Rio Juruá.
“Destinaremos mais R$ 140 mil em 2014 à cooperativa, para comprar novos equipamentos, acelerar a produção e também adquirir mais matéria-prima. Dessa forma, vamos melhorando a receita da indústria e a renda das famílias”, explicou Edvaldo Magalhães, titular da Sedens.
Há 38 anos morando no local, a cooperada Francisca Borges Lima conta como era quando chegou ao então Seringal Luzeiro 1: “Cheguei aqui era só mata. Lá no Centro da Nova Cintra havia uns cinco moradores”. Com o espírito da atual Nova Cintra, que abriga mais de 130 famílias e uma cooperativa, quando perguntada sobre essa nova organização, Francisca responde sem rodeios: “Mas é melhor mesmo a gente, como cooperado, procura ajudar as pessoas”.