Embora tenha aumentado o número de contaminados pela doença no país, Acre continua sem nenhum caso confirmado; os três suspeitos também deram negativo
O anúncio da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) de que deram negativo os exames em três pessoas com possíveis sintomas de coronavírus (covid-19) serviu como um alívio para a comunidade. Mas também servirá para muitas pessoas lembrarem do velho ditado popular de que ‘sofrer antecipadamente é sofrer duas vezes’.
Nos últimos dias, observava-se uma crescente ansiedade, e até pânico entre muitos acreanos, só de falar na doença. Contudo, embora haja um aumento no número de casos pelo mundo, será que se justifica mesmo tanto terror? A resposta de especialistas como Thor Dantas, médico infectologista e professor universitário no Acre, é não.
“É preciso tomar cuidados, mas não há mais espaço para o desespero e para o pânico. Não é assim que vamos resolver as coisas”, explica o profissional. A começar pelo cenário observado pela Organização Mundial da Saúde, que mostra que o número de óbitos até o presente momento é de 3,4% do total de infectados.
Dever aumentar, mas a taxa de letalidade, que é a quantidade de pessoas que morrem por uma doença em relação ao número de infectados, é de apenas 1%, ou seja, muito menor que a SARS (Síndrome Aguda Respiratória Grave) e a MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio).
Voltando ao panorama local, pode-se dizer que o Acre tem hoje um dos melhores cenários dentro do país até agora, com nenhum caso notificado e nem confirmado até a noite desta terça-feira, 10.
“E engana-se quem pensar que não estamos preparados para enfrentar o covid-19”, ressalta Thor. Neste momento, uma centena de profissionais da Sesacre trabalha incessantemente, promovendo treinamentos, organizando protocolos, informando sobre as formas de contágios e os cuidados de prevenção, todos em vigilância máxima para que a população exerça o seu direito de estar bem informada e segura da sua situação.
As capacitações começaram ainda em fevereiro e são compostas de simulações diárias para incorporar métodos na rotina desses profissionais e de videoconferências com técnicos do Ministério da Saúde.
Na manhã desta terça-feira, 10, mais um desses procedimentos aconteceu no Pronto-Socorro de Rio Branco. O hospital é hoje a referência para a coleta de exames para covid-19, sobretudo porque já era também referência para a influenza.
Segundo explica Glória Nascimento, chefe do Departamento de Vigilância em Saúde da Sesacre, com o passar do tempo, se for preciso, as unidades de pronto atendimento, as UPAs, também passarão a essa condição.
Veja abaixo a sequência do atendimento no Pronto-Socorro para pessoas com suspeitas de covid-19
1- O homem se dirige à entrada do PS, onde duas plantonistas o esperam devidamente de máscaras;
2- Ali, ele conta da sua preocupação com o possível contágio e é aconselhado a colocar também uma máscara;
3- Uma das plantonistas vai levá-lo até a sala de triagem, onde ele recebe o primeiro atendimento com um médico devidamente protegido;
4- Dali, o homem é encaminhado a uma sala, onde por dentro há um acesso à sala de coleta;
5- O profissional que o examinará e coletará o material – saliva da boca e mucosa do nariz –, vai entrar pela sala de coleta, vestir-se com os equipamentos de proteção individual e, só então, se deslocar para a sala onde estará o paciente.
Na tarde desta terça-feira, 10, a Sesacre recebeu a informação do Centro de Infectologia Charles Mérieux, na Fundação Hospitalar do Estado do Acre, de que deram negativo os resultados dos exames de três casos suspeitos de coronavírus notificados que estavam sendo investigados desde fevereiro último.
A informação é de Andreas Stocker, gerente do Centro de Infectologia Charles Mérieux na Fundação Hospitalar do Estado do Acre (Fundhacre).
“Estabelecemos a análise, seguindo o protocolo de Berlim [como é chamado o exame para diagnosticar o covid-19] já em fevereiro de 2020, em nosso laboratório Rodolpho Mérieux, e realizamos a primeira análise no dia 13 de fevereiro”, diz a mensagem de Stocker, referindo-se aos exames e mencionando a data do primeiro deles.
A partir de agora, como os exames deram negativo, não há a necessidade de esperar por novos exames do Instituto Evandro Chagas, procedimento que só aconteceria se os testes do laboratório Mérieux dessem positivos para a doença.