Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the updraftplus domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /code/wp-includes/functions.php on line 6114

Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the wpforms-lite domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /code/wp-includes/functions.php on line 6114
Dia dos Pais – artigo de Elson Martins – Noticias do Acre
Notice: Undefined index: noticiasdoacre-content in /code/wp-content/themes/agenciaac-wp/inc/template-functions.php on line 79

Notice: Trying to get property 'src' of non-object in /code/wp-content/themes/agenciaac-wp/inc/template-functions.php on line 79

Notice: Undefined index: noticiasdoacre-content in /code/wp-content/themes/agenciaac-wp/inc/template-functions.php on line 79

Notice: Trying to get property 'ver' of non-object in /code/wp-content/themes/agenciaac-wp/inc/template-functions.php on line 79

Dia dos Pais – artigo de Elson Martins

Não sei quem inventou a data e com que objetivo. Imagino que existam versões utilizadas pelos comerciantes em diferentes regiões do mundo. A que conheço parece com as de outras datas como o Dia das Mães, Dia dos Namorados ou Dia das Crianças, todas induzindo as pessoas a comprarem presentes.

Como socialista à moda antiga, sempre procurei livrar meus filhos da hipocrisia da sociedade consumista: “Isso é coisa da burguesia” – argumentava, num tom quase raivoso, sem me dar conta de que eles acabavam passando por algum tipo de humilhação diante de colegas “alienados”.

Talvez fosse mais honesto eu ter dito a eles e a vocês que me leem agora que minha aversão a esse tipo de festejo está relacionada à minha origem de seringal, nos cafundós da floresta acreana, onde nasci e me criei. Por lá as relações familiares se expressavam sem trela a datas festivas. Até o aniversário de alguém da família era marcado apenas pelo cardápio do almoço. Invariavelmente, morria uma galinha caipira, grande e gorda, permitindo-se à mesa de refeições que alguém comentasse o motivo.

Creio que o estilo de educação formatado na floresta prevaleceu sobre o aprendizado que acumulei na cidade grande, incluindo as teorias revolucionárias de esquerda. Dessa forma eu teria resistido aos condicionamentos das comunidades conservadoras em que me meti. Até a fase adulta, meus filhos ainda se mostram encabulados ao oferecer presentes, mesmo no Natal.

Em raras ocasiões, entretanto, eles conseguiram romper com a “disciplina” para, a seu modo, homenagear-me. Uma delas foi em junho de 2004, quando completei 65 anos e me submeti a uma festa montada na casa de um amigo de Rio Branco, percebendo, desde a véspera, que haviam armado cumplicidade contra meus velhos hábitos.

Olha, os dois filhos maiores – Vássia e Tissiano – (tenho seis) me surpreenderam ao montar um painel com fotos minhas em diferentes momentos da vida, colando nele textos carinhosos e respeitosos. Nunca me senti tão pai e tão herói!

Lembram-se da música “Como nossos pais”, de Belchior, gravada e cantada nos anos setenta com insinuações à ditadura militar? Parece que estou vendo a saudosa Elis Regina se desmanchando de emoção no palco, ao interpretá-la!

Pois meu pai, Chico Martins, no qual me vejo, não vivia de homenagens; pelo menos, não da forma como se costuma dar provas delas. Era um homem de poucos afagos, ainda que o amor pela mulher e pelos filhos estivesse sempre subentendido. Na verdade, ele cultivava sentimento mais profundo: um pacto de afetos com as pessoas, os animais, as árvores e os sons das árvores; com os ventos, as chuvas e tudo o mais que a natureza oferecia.

A vida no seringal era tão silenciosa e contemplativa, e a fala tão desnecessária…

O afeto de seu Chico se escondia por trás de gestos duros, de difícil tradução. E isso quase nos fez intrigados, de mal um com o outro, como se diz. Eu, que numa determinada época me tornei arrogante a partir de leituras equivocadas, não conseguia ler a ternura que ele, já velhinho, transmitia através de olhos umedecidos e embaçados.

Uma vez juntei um grupo de amigos e fizemos um programa na Rádio Educadora de Macapá (Amapá), que pertencia à prelazia local, sobre o Dia de Finados. Lemos com voz solta e em jogral poemas de Manuel Bandeira, Carlos Drummond e João Cabral de Melo Neto, entre outros grandes poetas brasileiros.

Ao voltar para almoçar (era domingo pela manhã), vi que meu pai tinha estado o tempo todo com o ouvido colado no seu velho rádio Phillips, cujas válvulas gastas e quentes provocavam chiadeira…

Percebi, então – e minha mãe confirmou depois – que ele tinha chorado, em várias ocasiões ouvindo o programa. Um delas, quando li versos de Manuel Bandeira em que o grande poeta pernambucano recomenda:

Vai ao cemitério, acende uma vela e reza. Não pelo pai, que está morto, mas pelo filho, que está vivo!”

A memória disso me dói tanto! Pai: hoje, celebro seu dia com muito respeito e uma enorme saudade.


Notice: ob_end_flush(): failed to send buffer of zlib output compression (1) in /code/wp-includes/functions.php on line 5464