O suicídio ascendeu longos debates nos últimos anos devido ao aumento significativo desse tipo de morte no Brasil. Observando a gravidade da situação e movidos pela campanha Setembro Amarelo, o governo do estado investiu em parcerias junto aos órgãos de educação, saúde, segurança e assistência social do Acre para implantar pontos de acolhimento a esses pacientes, de todas as idades, seriamente necessitados de atenção e ajuda.
O Programa Saúde na Escola, da Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE) com a Sesacre, vem trabalhando desde o ano passado nesse sentido, oferecendo seis diferentes serviços de saúde aos alunos da rede pública, entre eles o de psicologia, voltado à contribuição na qualidade de vida e aprendizado dos estudantes necessitados de tratamento físico e mental.
A prevenção e a assistência são as principais vertentes utilizadas no Saúde na Escola. A prioridade do programa é alcançar os alunos do ensino fundamental I da rede, do 1º ao 5º ano, mas acaba estendendo o tratamento, chegando até a casa e a famílias dos pacientes.
Esta semana, a SEE reuniu gestores, coordenadores e professores das escolas estaduais para um debate esclarecedor sobre o tema e o devido tratamento com os jovens, na faixa etária com maior taxa de suicídio no país, de 15 a 29 anos.
“O serviço de psicologia na escola ajuda a melhor a investigação cognitiva do aluno que precisa de amparo. Podemos passar para a rede de ensino a real necessidade de cada paciente assistido por nós, um conjunto de profissionais envolvidos no melhoramento da qualidade de vida”, garante Tatiana Braga, psicóloga do Saúde na Escola. A expectativa, segundo ela, é poder contribuir para um melhor diagnóstico aos alunos avaliados.
A intenção é dar ao assunto um olhar intersetorial, segundo a coordenadora do setor de Humanização da SEE, Nilza Rocha. “Na secretaria, o trabalho de prevenção ao suicídio começou ano passado, através do projeto Qualidade de Vida. Estamos construindo uma identidade para haver um diálogo na perspectiva do que já foi realizado e o que ainda será feito no combate a doenças que afetam a mentalidade das pessoas”.
Núcleo de Prevenção
O trabalho pioneiro no estado iniciou em 2012, com o Núcleo de Prevenção ao Suicídio, implantado no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb). A psicóloga, Andreia Vilas Boas, coordenadora do Núcleo, apresentou o funcionamento do trabalho na prevenção do suicídio, inserido na unidade de saúde. O objetivo é evitar a reincidência de pacientes.
“A principal porta de entrada para esses casos tem sido o Pronto Socorro da capital, pois lá oferecemos o núcleo de apoio e acolhimento que atua fortemente no tratamento de pacientes com ideação suicida.”
Cerca de 280 pessoas já foram acompanhadas por profissionais do Núcleo, em seis meses de funcionamento. São 27 mortes por dia provocada por suicídio e 1 milhão de mortes por ano. Por isso o Huerb tem tratado a causa como questão de saúde publica. Entradas acidentais não falam que são suicídio, mas depois de investigadas e constatam que são tentativas de suicídio o número triplica, conforme dados do PS.
“O suicídio atualmente é considerado uma epidemia silenciosa. É como se fosse invisível, ainda por questões de tabu. Qualquer ameaça ou tentativa de suicídio deve ser levada a sério. Se for ignorada, uma vida pode ser perdida. Mais de 90% dos pacientes que tentaram, hoje, recebem acompanhamento psicológico.”
Mesmo com todo o esforço da equipe técnica, o órgão tem sido pequeno para receber a demanda, que aumentou de maneira drástica no estado. Por isso a necessidade de fazer parceiros, como o município, as escolas de psicologia das faculdades e as novas formas de cuidar, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e Rede de Atenção Psicossocial (RAPs), instituições religiosas e assistência social.
A mídia e a valorização da vida
Durante a palestra, a professora-doutora Juliana Lofêgo, do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac), apresentou como a mídia pode interferir negativamente com a exposição de casos de suicídio.
A docente, que é especializada em comunicação e saúde, esclareceu a melhor maneira de falar sobre o assunto nas redes sociais e como evitar a exposição do tema nas mídias digitais.
“É importante distinguir até que ponto nós podemos tocar a respeito do suicídio e qual a melhor forma de informar as pessoas sem invadir a privacidade delas, famílias envolvidas numa possível morte, e assim fazer com que não haja os casos de suicídio por imitação, omitindo detalhes desnecessários às pessoas que estão lendo ou ouvindo”, destacou.
Onde buscar ajuda?
A partir do dia 30 de setembro o Acre já pode contar com uma linha direta para o atendimento do Centro de Valorização da Vida (CVV), através do número 188. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que queiram e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email, chat e voip, 24 horas, todos os dias.
O estado também é o único da região norte a trabalhar com o programa #TamoJunto na prevenção do uso de drogas e promoção da saúde metal. O estado atua desde 2014 com esse projeto buscando, de dentro das escolas, atingir as comunidades adjacentes no combate a prática do suicídio e uso de entorpecente entre os jovens da rede escolar pública.
No ano passado, o estado contemplou sete instituições com o programa, beneficiando mais de mil alunos, 25 professores e 25 turmas. As aulas, em formato de oficinas, agrega os jovens aos familiares, sensibilizando a todos contra o suicídio.
Além disso, no Huerb, adotou um plantão psicológico com psiquiatras e outros profissionais atuando Núcleo de Prevenção ao Suicídio, criado em 2012, identificando os pacientes que tentaram suicídio e oferecendo apoio e acompanhamento. São 18 leitos destinados especialmente a esses pacientes.
Procure também gratuitamente:
URAP – bairro São Francisco
URAP – bairro Quinze
URAP – bairro Adalberto Sena
Centro de Saúde – bairro Vila Ivonete
Centro de Convivência – Parque Capitão Ciríaco
Clínicas de psicologias – na Ufac, Faao e Uninorte.