Equipes de servidores do governo do Estado e da Prefeitura de Santa Rosa do Purus uniram-se, durante toda a semana, para prestar assistência humanitária às pessoas atingidas pela cheia histórica que assola o município localizado no interior do estado do Acre. Com a união, cerca de 217 pessoas, entre bombeiros, servidores da Educação, merendeiras, zeladoras, psicólogas, entre outros, atuam para ajudar a população local.
O Rio Purus, que abastece a região, começou a subir no sábado, 24, e atingiu a marca histórica de 11,12 m na segunda-feira, 26. O nível das águas chegou a baixar para 10,78 m na última medição de terça-feira, 27, mas voltou a subir nesta quarta-feira, 28, registrando 10,82 m, às 12h. O Corpo de Bombeiros estima que 3.607 pessoas tenham sido atingidas pela cheia, tanto na zona urbana, como na zona rural da região. A elevação do nível do rio já ultrapassou a última grande enchente em que marcou 10,13 m, em março de 2021.
“A gente lamenta a inundação e sente pelos amigos e parentes que tiveram suas casas alagadas. As pessoas fazem o plantio nessa parte da cidade e perderam seus bens, perderam tudo. Agora procuramos as autoridades para olhar para nós e ajudar”, expressou o senhor Manoel Nascimento, conhecido como “Seu Cazuza”.
Para dar assistência à população, o governo do Estado enviou representantes para alinhar ações estratégicas e deixar as equipes à disposição da prefeitura local. “Nossa intenção é organizar a estrutura do Estado no município, para estar à disposição do prefeito e das pessoas que precisam”, reafirmou o representante da ajuda humanitária estadual, Pádua Cunha.
O subtenente Carlos Queiroz e o soldado Kennedy Sampaio, do Corpo de Bombeiros Militar do Acre (CBMAC), foram ao município para auxiliar as pessoas afetadas pela enchente. “Viemos dar esse apoio à prefeitura, para ajudar na remoção das famílias para os abrigos e casas de parentes. Há muitas pessoas mobilizadas para ajudar”, falou o subtenente Queiroz.
Acolhimento nos abrigos
Bela Katrine Saldanha é uma das ajudantes que participam das ações de acolhimento nos abrigos do município. Para ela, ajudar os outros é essencial: “A minha casa também foi alagada. Só deu tempo de subir alguns móveis e precisei sair. Por enquanto, estou ficando na casa de amigas, mas é importante, para mim, ajudar outras pessoas que passam pela mesma situação que eu estou passando”, expressou.
De acordo com a psicóloga do Centro de Referência da Assistência Social do Município, Daniele Santos, as equipes desenvolvem ações em várias frentes: “Temos feito ações de acolhimento nos abrigos e recreação com as crianças. Temos muitas necessidades de alimentação, fraldas, kits de higiene pessoal e de limpeza, e agradeço a todos que estão ajudando”.
Na segunda-feira, 26, o governo do Estado mobilizou equipes para enviar insumos em um avião de pequeno porte, a fim de auxiliar a população. A entrega faz parte de uma ação conjunta da Companhia de Armazéns Gerais e Entrepostos do Acre (Cageacre) e das secretarias de Estado da Casa Civil, de Povos Indígenas (Sepi), de Meio Ambiente (Sema) e de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH).
Na cozinha da Escola Doutor Celso Cosme Salgado, a senhora Délia Muniz Nobre prepara os alimentos com zelo para garantir café da manhã, almoço e janta aos abrigados. No cardápio há arroz, feijão, macarrão, farofa e a famosa mistura (termo regional para a proteína animal) nas principais refeições. “Para mim, é gratificante ajudar, porque eu gosto de cozinhar. Estou fazendo o que posso, e trabalharmos unidos é a melhor coisa que tem”, expressou a cozinheira.
Na escola estadual Padre Paolino Maria Baldassari 32 famílias das etnias Jaminawa, Huni Kuin/Kaxinawá e Kulina/Madijá estão sendo atendidas. “Nosso trabalho está bem puxado, mas estamos conseguindo dar conta. Temos atendimento médico, alimentação com café, almoço e janta. Fazemos o possível para ajudar”, ressaltou a assistente social responsável pelo abrigo, Pollyanna Firmino Costa.
Compostas por agentes comunitários de saúde, enfermeiros e médicos, três equipes fazem rondas todos os dias pela manhã e pela tarde, para verificar a saúde das pessoas acolhidas em abrigos.
“Onde houver pessoas atingidas pela enchente, nós damos atenção. [Nessas situações], há risco de diarreia, vômito e febre, porque as pessoas saíram da sua casa, e muda a alimentação e a forma como viviam, além do fato do tempo permanecer chuvoso. A gente espera que isso não venha acontecer, mas é um risco, e nós continuamos a fazer o preventivo e atender a todos”, informou o clínico geral do Programa Mais Médicos, Aníziou Santos Eduardo.