Em entrevista coletiva por videoconferência na tarde desta quarta-feira, 5, o governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e do Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19, anunciou a nova classificação de risco definida pelo Pacto Acre sem Covid, na qual todas as regionais do estado avançaram para o Nível de Atenção (Bandeira Amarela).
A mudança de bandeira no estado leva em consideração principalmente o cenário dinâmico de avanço e combate à pandemia da Covid-19. Se, no cenário inicial de propagação do novo coronavírus no Acre, com a infraestrutura do sistema público de saúde existente, o risco de colapso era iminente, hoje o Estado tem como resultado dos seus investimentos um avanço promissor de sua estrutura assistencial, totalizando 90 leitos de UTI e 352 leitos clínicos especificamente destinados à Covid-19.
Atualmente, as taxas de ocupação das UTI para Covid estão em 44% em todo o estado, enquanto as taxas de ocupação de leito clínico estão em 42%. A Sesacre também anunciou que a fila de exames para a doença foi zerada e que a partir de segunda-feira, 10, o Into passa a ser a referência para pacientes com suspeita de Covid-19, enquanto a UPA do Segundo Distrito volta a seus atendimentos-padrões, após desinfecção da unidade.
Além disso, das mortes registradas na última semana, 24 das que foram confirmadas nos últimos dias aconteceram entre maio e junho. A Sesacre revela que ainda há 53 óbitos com suspeita de Covid-19, cujos exames passarão por análise laboratorial. A próxima classificação de risco será anunciada no dia 19 de agosto.
Em vídeo em que chama a atenção da população para os cuidados de retomada, o governador Gladson Cameli destaca que os recentes números da pandemia podem dar uma falsa sensação de que o pior já passou, mas que para isso ocorra de verdade ninguém pode baixar a guarda, principalmente agora quando o Acre está tão perto de um resultado positivo.
“Em várias regiões do país e do mundo, quando as pessoas deixaram de prestar atenção aos cuidados, o vírus voltou. Não podemos deixar que isso aconteça aqui no nosso estado. O coronavírus está mudando para sempre o jeito com que vivemos e muitos dos cuidados precisam ser mantidos: o distanciamento social, uso de máscaras, a limpeza das mãos e a desinfecção de roupas, objetos e alimentos”, destaca o governador.
“Estamos fazendo um trabalho sério, responsável e transparente em todas ações. Agradecemos a todos os profissionais de saúde dedicados a este momento e que toda a sociedade acreana consiga cada vez mais vencer essa pandemia”, completa o secretário de Saúde e presidente do Comitê, Alysson Bestene.
O que pode e não pode abrir
Nesta nova classificação, todas as atividades comerciais permitidas durante a Bandeira Laranja devem manter as orientações sanitárias estaduais, os protocolos sanitários municipais e demais limitações impostas pela Resolução nº 02, de 3 de julho de 2020, do Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19.
Alguns setores devem ficar atentos à possibilidade de poder aumentar a capacidade de atendimento em relação ao previsto na fase anterior (Bandeira Laranja), em alguns casos chegando a 60% agora.
Entre as novidades do que poderá reabrir estão: bares, restaurantes, pizzarias, lanchonetes, sorveterias e similares, com capacidade de 50% do número de mesas, além da proibição de música ao vivo; restaurantes self-service deverão ter protocolo e autorização específicos. Teatros, cinemas e apresentações culturais também poderão voltar com capacidade de apenas 30%.
Eventos religiosos em templos ou locais públicos, de qualquer credo ou religião, inclusive reuniões de sociedades ou associações sem fins lucrativos poderão retornar com 30% da capacidade. Por fim, centros de formação e capacitação, estúdios de dança, escolas e estúdios de música, centros de formação de condutores de veículos automotores e similares também poderão reabrir com 30% da capacidade.
Continuam fechados durante a Bandeira Amarela: espaços públicos entre parques, quadras poliesportivas, campos de futebol comunitário, espaços destinados para atividades físicas e similares que ocasionam aglomeração de pessoas; academias de ginástica, clubes esportivos e de lazer e similares; além de não ser permitida a realização de eventos, feiras, seminários e congressos.
Vale ressaltar que o enquadramento dos estabelecimentos de ensino educacional regular (escolas de ensino fundamental e médio, universidades e centros universitários) e creches será realizado por meio de resolução específica do Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19.
Ajustes Metodológicos
De acordo com o método definido pelo Pacto Acre sem Covid, a classificação em nível de risco é realizada conforme a delimitação territorial das regionais de saúde do estado, a saber: Região do Alto Acre (Assis Brasil, Brasileia, Epitaciolândia e Xapuri), Baixo Acre e Purus (Acrelândia, Bujari, Capixaba, Jordão, Manoel Urbano, Plácido de Castro, Porto Acre, Rio Branco, Santa Rosa do Purus, Sena Madureira e Senador Guiomard) e a Região do Juruá e Tarauacá-Envira (Cruzeiro do Sul, Feijó, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves e Tarauacá).
A classificação em níveis de risco (bandeiras), expressa por meio de uma nota geral que varia de 0 a 15, é obtida por meio da mensuração de sete índices, sendo eles: isolamento social; notificações por síndrome gripal; novas internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave; novos casos por síndrome gripal Covid-19; novos óbitos por Covid-19; ocupação de Leitos Clínicos Covid-19 e ocupação de UTIs Covid-19.
Segundo a coordenadora do Grupo de Apoio ao Pacto Acre sem Covid, Karolina Sabino, o pacto é declaradamente dinâmico, sendo concebido e formulado para acompanhar as possíveis mudanças que poderiam surgir ao longo do tempo, uma vez que a ciência evolui a cada dia, principalmente no que tange à Covid-19. Neste cenário, pode ser citado por exemplo a expansão do número de leitos clínicos e de UTIs no sistema de saúde e a redução do isolamento social em virtude do processo de flexibilização das atividades. Nesse aspecto, o pacto buscou inserir novos intervalos de calibração desses indicadores, a fim de garantir a fidedignidade e aplicação de sua proposta inicial e viabilizar a detecção das medidas positivas realizadas e conquistadas, aproximando ainda mais a ferramenta da realidade enfrentada atualmente.
“Passamos por um novo cenário, com uma folga no sistema de saúde, com taxa de internação inferior a 50%, por isso estamos mais seguros em fazer ajustes metodológicos que permitem nossas ferramentas entenderem as mudanças, mas tudo de forma segura e responsável, a fim de que haja proteção do direito à vida. Não estamos voltando ao antigo normal. Enquanto não houver uma vacina, não estaremos realmente protegidos. Por isso precisamos manter nossa postura de cuidados”, conta a coordenadora.
O Pacto
O Pacto Acre sem Covid é uma ferramenta destinada a viabilizar a harmonia entre o desenvolvimento econômico, o direito de proteção à saúde e os valores sociais do trabalho, tendo por finalidade precípua a efetiva proteção do direito à vida.
Este instrumento assegura a retomada gradual e responsável das atividades econômicas e comerciais no âmbito estadual, por meio de mecanismos impulsionados pela atuação conjunta da sociedade, do setor econômico e do poder público, tendo, como referência, diretrizes e decisões baseadas em dados oficiais e evidências científicas.
Os níveis de classificação de risco foram divididos em Vermelho, Laranja, Amarelo e Verde, respectivamente do mais restritivo para o mais flexível. A cada 14 dias é realizada uma nova avaliação dos indicadores, cabendo às prefeituras realizar a autorização das atividades permitidas no respectivo nível de risco apurado por meio de decreto municipal, bem como a instituição de protocolos sanitários a serem seguidos pelos setores da economia que estejam autorizados a funcionar. Um trabalho que envolve Estado, prefeituras e entidades e conta com o apoio de toda a comunidade.
Para mais informações de protocolos, acesse: http://covid19.ac.gov.br/