“Eu visto uma calça velha, uma blusa de manga cumprida, boto o chapéu na cabeça e um chinelo velho de dedo e vou. E ali olho para todos os cantos até reconhecer a rama do cipó”, disse a produtora rural, artesã e fundadora da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais Unidas por Liberdade, Humanidade e Amor (Amuralha), Maria da Glória do Nascimento, de 77 anos.
Esse foi o relato de uma das fundadoras da Amuralha, associação de mulheres que foi criada há mais de 17 anos no Ramal 13 de maio, no km 20 do Projeto de Assentamento Nova Cintra, no município de Rodrigues Alves.
Prosseguindo com as ações no interior do estado, o Governo do Acre, por meio do Gabinete da Primeira-Dama e da Secretaria de Estado de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (SEASDHM), com o apoio da Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict) e da Companhia de Desenvolvimento de Serviços Ambientais do Estado do Acre (CDSA), esteve na comunidade neste sábado, 15.
A primeira-dama do Estado, Ana Paula Cameli, conversou com as mulheres da Amuralha e ouviu seu principal pedido: apoio para dar continuidade com o projeto e a fabricação dos produtos.
A associação está sem produção há mais de sete meses, tanto por conta da pandemia da Covid-19, como por dificuldades para dar continuidade na produção e importação dos produtos para a cidade, explicou a presidente, Nataíres Ferreira, que também diz estar esperançosa com o apoio do Estado. “Ela nos deu muita esperança, estamos passando dificuldades com a associação e a primeira-dama vai nos ajudar, vamos nos organizar e conseguir vender nossos produtos.”
A primeira-dama, Ana Paula Cameli, parabenizou as mulheres pelo projeto e afirmou que se empenhará na busca de recursos para a associação. “Fico extremamente emocionada em ouvir esses relatos, só tenho a parabenizar essas mulheres. Vamos pactuar com elas e com parceiros para que as coisas possam acontecer. Eu, enquanto primeira-dama do Estado não posso deixar essas mulheres sozinhas”, ressaltou.
Na oportunidade, foi realizada uma palestra de divulgação da campanha “Nenhuma mulher a menos, um homem a mais para apoiar” por meio da Diretoria de Políticas para as Mulheres da SEASDHM, que tem o objetivo de enfrentar e combater a violência doméstica contra a mulher, divulgando os tipos de violência, os canais de denúncia e as casas de apoio às vítimas. Foram entregues kits contendo máscara e álcool em gel para as mulheres presentes e 60 cestas básicas para as famílias do ramal.
“A associação já está bem organizada, estamos fazendo essa visita para saber a necessidade dessas mulheres neste momento de pandemia. Nos surpreendemos em encontrar uma mini-indústria de sabonetes que está parada por falta de insumos. Mas encontramos mulheres, produtoras, totalmente engajadas em continuar com a produção e iremos fornecer o apoio necessário para a continuidade do trabalho”, pontuou a diretora de Políticas Públicas para as Mulheres da SEASDHM, Isnailda Gondim.
Amuralha
A Amuralha foi criada em 2005 por mulheres trabalhadoras rurais do Projeto de Assentamento Nova Cintra, em Rodrigues Alves, para fortalecer as atividades desenvolvidas na comunidade. A associação conta com 42 associadas e possui uma fábrica de sabonetes e tem sua estrutura compatível para a produção de cosméticos grau de risco 1, segundo as normas da Anvisa. Com capacidade de produção de 1.200 sabonetes de 90g por dia, além da produção de peças de artesanato, como cestas de cipó.
São desenvolvidos seis tipos de sabonetes em barra com matéria-prima de origem florestal, sendo eles: o murmuru, buriti, patauá, açaí, capaíba e andiroba, todos extraídos pelas próprias produtoras da associação. Podendo ser encomendando através das redes sociais da Amuralha.
A produção dos sabonetes gera renda e fortalece o desenvolvimento econômico e social das mulheres da comunidade, que lideram toda a linha de produção.