Na última quinta-feira, 150 haitianos deixaram o abrigo em Brasileia rumo à Joaçaba, em Santa Catarina. Leandro de Paulo representa um grupo de 16 empresas em busca de mão de obra em Brasileia e diz que os refugiados são esforçados e atenciosos, o que compensa o fato de não falarem português.
“Esta já é a terceira vez que levamos haitianos. Mais de 200 já foram contratados das outras vezes e deste total uma média de 10 não atenderam às expectativas e foram dispensados. Ou seja, eles são trabalhadores dedicados e dispostos a aprender”, disse o empresário.
Os haitianos são contratados para trabalhar em empresas de limpeza urbana (coleta de lixo), metal, mecânica, frigoríficos, construção, reciclagem. Os salários, explica Leandro, são em média R$ 950 – valor líquido – além de auxílio alimentação e moradia nos primeiros meses. “É um salário bom, mas no sul as pessoas não querem esses empregos. É por isso que fazemos este esforço e viemos buscar mão de obra aqui”, disse.
Reni Graebner, secretário de Segurança, estava na fronteira acompanhando a situação dos haitianos e também acompanhou o embarque dos haitianos. “Com a volta da demanda, a situação em Brasileia tende a se normalizar mais rápido. Houve um represamento porque as empresas haviam deixado de efetuar contratações neste período de final de ano e também porque os coiotes espalharam o boato de que o Brasil fecharia as fronteiras, o que provocou um aumento no número de imigrantes”, disse.
O secretário Nilson Mourão acredita que pelo menos 500 haitianos dos 1300 que estão abrigados tenham um destino certo a seguir. “Eles chegam para encontrar parentes e amigos que já estão em outras cidades brasileiras, mas não têm dinheiro para continuar a viagem”, explicou.