O Acre foi destaque na reunião anual da Força-Tarefa para o Clima e Florestas (GCF), na Colômbia. No evento, que terminou na última sexta-feira, 4, o Estado do Acre foi responsável por compartilhar as experiências de sucesso pactuadas em edições anteriores e que permitiram ao Acre créditos de carbonos junto a organizações europeias.
O encontro, na cidade de Florencia, capital do departamento (estado) de Caquetá, celebra um novo marco nas relações do desenvolvimento da região Amazônica com consciência ambiental.
Para o governador do Estado do Acre, Gladson Cameli, “a reunião foi uma grande oportunidade de voltarmos a nossa região para os olhos do mundo”, com a ressalva de que é preciso preservar as florestas, não se privando do desenvolvimento regional.
“Não adianta riqueza na floresta com pobreza na cidade. Os povos tradicionais da floresta devem ser valorizados tanto quanto os povos que moram nas cidades no entorno dessas florestas. Todos deverão ser beneficiados com uma política que não impeça o atraso econômico e social”, disse o governador, na última parte da agenda.
O GCF é voltado para os governos locais, traçando novas estratégias para o crescimento local, por meio de agendas e projetos em comum acordo que permitam conservação ambiental.
Para o diretor do GCF, Willian Boyd, a responsabilidade em torno do que foi acertado em Florencia “é de uma responsabilidade sem igual”. “Nesta pauta do clima, se falharmos, o mundo falhará. Agora se obtivermos êxito, então triunfaremos”, disse o norte-americano.
O governador de Caquetá, Álvaro Pacheco Alvarez, agradeceu a Deus pelo evento e disse ser essa “uma oportunidade histórica para observadores e delegações internacionais se unirem em torno de uma questão comum a todos os demais estados, que são as mudanças climáticas”.
“A Colômbia passa por um processo de paz e esse é um momento muito especial para nós. Nesta força tarefa, estamos envidando esforços, não só em benefício dos povos indígenas, mas contra as ameaças latentes à existência humana”, pontuou Alvarez.
Já o prefeito de Florencia, Andrés Maurício Laras, afirmou que “a ideia não é procurar culpados para os problemas climáticos”. “Em vez disso, temos de buscar as formas para proteger nossas florestas”, disse.
De acordo com o Instituto Terra de Inovação, o encontro trará, para cada um dos 38 estados participantes, benefícios traduzidos em três grandes fatores: reconhecimento, parcerias e investimentos. Nesse caso, empresas e investidores que estejam se esforçando para se tornar – ou continuar sendo – campões de florestas tropicais podem registrar seus compromissos e suas parcerias atuais à novas parcerias.
Primeira-dama e o apoio aos povos indígenas
A primeira-dama do Estado do Acre, Ana Paula Cameli, exerceu papel importante nas discussões sobre a inserção dos povos indígenas como importantes para a redução das mudanças no clima. Quando ainda na reunião da GCF em Rio Branco, ano passado, a ideia foi criar o Comitê Regional Indígena da Amazônia Brasileira, com nove estados brasileiros, que dialogue com o Comitê Global, nas Reuniões Anuais do GCF.
Por isso, na Reunião Anual na Colômbia, os indígenas voltaram à proposta do Comitê Regional. “O Governo do Estado do Acre estará atento e a favor de políticas que favorecem os nossos povos indígenas”, disse Ana Paula Cameli.
Liderança indígena no Acre, Francisco Piyãko, por sua vez, afirmou que “os povos indígenas têm muitas experiências”.
“Precisamos fazer uso dessas experiências para sair com uma ideia concreta e operacionalizar essas questões. No Brasil, somos nove estados e várias organizações representativas que juntas podemos pensar melhor as questões regionais para levar para o Comitê Global”, ressaltou ele.