Decreto leva em consideração, entre outros aspectos, a escassez de chuvas e a baixa umidade relativa do ar, fatos que aumentam os riscos de incêndios florestais e queimadas urbanas
O governador do Estado do Acre, Gladson Cameli, anunciou que poderá usar aeronaves-pipas do governo argentino para apagar focos de incêndios em território acreano, caso a força-tarefa para o combate a queimadas do governo entender que for necessário.
“Já fizemos contato com os irmãos argentinos e eles se deixaram à disposição. Se o nosso pessoal entender que será preciso [uma intervenção aérea com água] vamos fazer isso”, disse Cameli, em coletiva de imprensa, nesta sexta-feira, 23, para explicar o funcionamento do decreto de estado de emergência ambiental, assinado por ele na noite desta quinta-feira, 22.
O decreto leva em consideração, entre outros aspectos, a escassez de chuvas e a baixa umidade relativa do ar, fatos que aumentam os riscos de incêndios florestais e queimadas urbanas, potencializando danos à saúde e ao meio ambiente.
Com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Israel Milani, e os coordenadores das Defesas Civis do Estado e do Município, o governador mostrou os números dos focos de incêndios no Acre, com base nos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O levantamento, de janeiro até quarta-feira, 21, mostra que o Acre está na 8ª posição, a penúltima entre os estados da Amazônia Legal, com 2.533 focos de queimadas, sendo responsável por apenas 4,7% do total registrado pelos satélites do Inpe em todo o país, entre o dia 1º de janeiro e o dia 21 de agosto.
Neste período, o Instituto registrou 74.054 incêndios em todo o país, tendo sido no Mato Grosso a maior quantidade de focos: 14.157 no total, representando 18,5% das queimadas de todo o país.
Enquanto o Acre está nas últimas posições dos focos de incêndios florestais, o Pará registrou 9.952 pontos de queimadas (13,4%), seguido do Amazonas, com 7.224 pontos de queimadas e de Rondônia, que apresentou 5.533 focos. No Maranhão, 4.787 áreas de queimada também foram observadas pelos satélites do Inpe.
Segundo informou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Israel Milani, o decreto de Situação de Emergência ambiental era necessário por conta de uma série de providências que deveriam ser tomadas em caráter emergencial, sobretudo nas áreas da Saúde e da Educação, já que a fumaça decorrente desses focos de calor vem afetando severamente estudantes e pacientes das unidades de saúde.
“Trata-se de uma medida preventiva que a partir de agora nos permite traçar uma série de metas, com o auxílio do governo federal, para minimizar esses problemas”, diz Milani. Decretada a Situação de Emergência, a força-tarefa encabeçada pelo comandante do Corpo de Bombeiros, Carlos Batista, vai preencher o “plano de resposta de apoio ao decreto”, a ser enviado à Presidência da República.
“É só partir deste documento que haverá a possibilidade da chegada de recursos do Governo Federal para os enfrentamentos que forem necessários”, explica Batista, incluindo a possibilidade do uso de aeronaves argentinas para debelar grandes incêndios.
“Querem misturar a política do agronegócio com desmatamento ilegal”, diz governador
O governador Gladson Cameli ordenou o seu corpo de secretários para que usem dos mecanismos legais disponíveis que forem necessários para coibir as irregularidades ambientais.
“Usem todas as nossas autoridades estatais, os mecanismos para coibir qualquer tipo de irregularidade porque eu não compactuo com isso. Vamos evitar o que tiver de evitar, colocando toda a estrutura do Estado e fazendo cumprir o que está na Constituição”, destacou o chefe do Executivo acreano.
Cameli ainda mandou um recado duro para quem tenta fazer politicagem da situação. “Quero dizer que se tem um culpado [pelas queimadas] não me interessa se é o país vizinho ‘A’ ou ‘B’. Eu gosto de enfrentar os problemas, de frente, olhando para eles”, pontuou Cameli.
“E querem misturar a política do agronegócio com o desmatamento ilegal. Para estes, quero dizer que não me preocupo com o que pensam porque estamos sendo guiados pelo nosso plano de governo, que teve a aprovação das pessoas nas urnas e pelo qual fomos eleitos”, completou o governador.
Antes da coletiva, o governador também se reuniu com a prefeita de Tarauacá, Marilete Vitorino, e com o prefeito de Feijó, Kiefer Cavalcante, municípios em que até a semana passada eram os maiores em número de focos de calor. Neste período de janeiro a 21 de agosto, Feijó registrou 517 focos, enquanto que Tarauacá, 394.