A União e o governo do Acre deverão trabalhar em parceria na implementação de um programa de pesquisa científica chamado Mentes Verdes, que é focado em ativos ambientais para impulso da bioeconomia na Amazônia e é voltado para jovens pesquisadores das comunidades da floresta, dos ribeirinhos e das aldeias indígenas.
O assunto foi tratado nesta terça-feira, 25, em Brasília, entre o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (Fapac), Moisés Diniz, e o diretor para o clima e a sustentabilidade da Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes.
Moisés Diniz foi ao MCTI buscar financiamento para o programa, que prevê bolsa de estudos para jovens pesquisadores das comunidades abrangidas, com o suporte de professores universitários. “O objetivo é que eles possam pesquisar a floresta, os rios, para encontrar ideias inovadoras que possam ser transformadas em pequenos negócios sustentáveis, em startups, e gerar emprego e renda, com escala econômica para a Região Amazônica”, explicou ele.
Parceria
A iniciativa despertou o interesse do diretor do MCTI, Osvaldo Moraes. “Esse programa está muito alinhado com o trabalho que estamos desenvolvendo na identificação de setores estratégicos que precisam de apoio para o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis e que consigam ganhar escala”, explicou. Ele adiantou a possibilidade de parcerias e a busca de formas de financiamento, como recursos do Fundo Amazônia ou mesmo de agências internacionais.
“Considero isso estratégico, não apenas do ponto de vista da Ciência, mas para o Brasil, onde temos uma proporção imensa de jovens que estão à margem dos processos de inclusão social”, disse, explicando que a redução da desigualdade social ocorre via educação e ciência e, por isso, a importância da ação. “Fiquei imensamente feliz de saber que esse projeto pode iniciar no Acre e tenho certeza de que seremos parceiros de primeira hora”, afirmou.
Cadeias produtivas
O assunto deverá ser tratado em outra reunião, prevista para a segunda quinzena de agosto e que deverá incluir parceiros de outros ministérios. Nesse encontro, Diniz também buscará apoio para um programa de desenvolvimento das cadeias produtivas especiais do estado como o açaí de Feijó, o amendoim de Senador Guiomard, o abacaxi de Tarauacá e a farinha do Vale do Juruá, além do café e da castanha do Brasil. O tema também gerou interesse de Osvaldo, que solicitou detalhes do programa.
China e Rússia
Moisés Diniz está buscando apoio financeiro para o Programa Mentes Verdes em diversos órgãos em Brasília, inclusive de outros países. Com este objetivo, ele se reuniu, na segunda-feira, 24, na Embaixada da China, com o conselheiro de educação, Wang Zhiwei, a quem entregou cópia do programa e de quem recebeu publicações do governo chinês.
Uma das possibilidades avaliadas pelo conselheiro Wang e Diniz é o desenvolvimento de um projeto-piloto que envolva o ensino do idioma oficial da China, o Mandarim, e de novas tecnologias de acordo com a necessidade e a realidade local.
“Essas também são questões estratégicas, levando-se em conta que o Acre é porta de saída para os portos do Oceano Pacífico, os quais dão acesso mais rápido aos países asiáticos, como a China, e as possibilidades de desenvolvimento que isso representa”, avalia o presidente da Fapac.
Nesta quarta-feira, 26, Moisés Diniz também deverá tratar do projeto Mentes Verdes com o primeiro-secretário da Embaixada da Rússia, Evgeny Erin.
Também participaram das reuniões os coordenadores técnicos da Secretaria de Relações Federativas do governo do Acre (Serf), Elomar Chaves e Roberto Hemckmeier. Essa secretaria é responsável pelo acompanhamento e a articulação de iniciativas de interesse do Acre em Brasília.