Eram quase 7 horas da manhã quando um avião decolou do Aeroporto Internacional de Rio Branco nesta quarta-feira, 3.
Mas, ao contrário de passageiros em busca das praias do litoral brasileiro, tão comum nesta época do ano, a aeronave transportava um guerreiro de pouco mais de um ano e sua mãe, carregada de esperança.
O guerreiro é Carlos Eduardo Silva Gonçalves, de apenas 13 meses de vida. De origem indígena, a criança nasceu com síndrome de Down e cardiopatia congênita grave.
A vida do pequeno se resume ao Hospital da Criança. Desde os três meses de nascido Carlos Eduardo estava internado em um dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva do hospital. Para continuar vivendo, só há uma possibilidade: uma cirurgia cardíaca para a correção entre as artérias do coração.
Ao lado de Carlos Eduardo na aeronave, uma mãe cheia de expectativas. Rosinete Silva, moradora de Assis Brasil, passou os últimos meses de sua vida se dedicando exclusivamente a acompanhar o filho na UTI do Hospital da Criança. “Eu estou muito feliz e esperançosa. Demorou muito, mas eu nunca perdi a fé, mesmo sabendo da gravidade do problema de saúde do meu filho”, afirma.
Cinco meses de tentativas e a UTI no ar
A viagem de Carlos Eduardo é resultado do grande esforço da equipe que faz parte do setor que compõe o Tratamento Fora de Domicílio (TFD) da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre).
Foram árduos cinco meses em busca de uma unidade hospitalar que aceitasse atender o pequeno paciente. “Esse é um detalhe que pouca gente conhece do nosso trabalho. Não temos o poder de conseguir uma vaga em um hospital. O que fazemos é solicitar por meio de uma central nacional, mas quem decide se há vaga disponível é o hospital. Esse caso do Carlos Eduardo foi de muita angústia porque sabíamos da gravidade de seu caso”, conta Caio Souza, gerente de Assistência do Complexo Regulador da Sesacre.
Depois de três hospitais negarem uma vaga a Carlos Eduardo, finalmente o alivio. Com a aceitação do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo em atender o paciente, o governo do Estado de pronto contratou uma UTI aérea, que o transportou até a capital paulista.
O custo do estado com o aluguel da aeronave, equipada com modernos equipamentos que garantem a vida de alguém com a saúde tão frágil, foi de R$ 110 mil. “Quando conseguimos uma vaga, a Sesacre não mede esforços para tentar salvar uma vida”, afirma Souza.