As mudanças climáticas cada vez mais rápidas e intensas provocam estragos e mortes em todos os continentes. Nesse cenário, a Amazônia tem uma importância global para o equilíbrio do planeta. E a forma como ela é pensada e cuidada é a chave para o nosso futuro.
O desenvolvimento socioeconômico da região, onde só no Brasil vivem quase 30 milhões de pessoas, precisa estar alinhado a esse momento. Seja qual for o contexto, ambiental ou econômico, a Amazônia é uma marca, um produto brasileiro cada vez mais valorizado.
Os empreendedores que souberem aproveitar essa oportunidade podem potencializar seus negócios. É com essa visão que Diogo Luiz Figueiredo, dono da Granja Carijó, no Acre, a maior produtora de ovos de galinha do estado, planeja ampliar seu mercado.
Com uma produção de quase 200 mil ovos por dia, agora o empresário investe também no reaproveitamento de 400 toneladas do esterco das aves por mês. O material é negociado com produtores acreanos e de outros estados para correção do solo, por ser uma importante fonte de nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio.
“Todo o nosso esterco passa por um processo de compostagem durante 120 dias e acaba gerando um novo produto. Esse composto orgânico é transportado em carretas e gera mais receita para a gente e benefícios para o meio ambiente, ajudando os produtores a reduzirem a necessidade de irrigação e fertilizantes minerais”, relata o empresário.
Segundo Diogo, o novo objetivo é realizar o reflorestamento da área de preservação permanente (APP) da propriedade: “A gente está fazendo uma parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente [Sema]. A ideia é criar um cinturão verde em volta dos nossos aviários e trazer um microclima mais agradável às aves”.
A contrapartida da Sema é o apoio técnico e o fornecimento de mudas. “Quando a gente tem um negócio estabelecido como esse da granja, que tem a preocupação socioambiental, isso precisa ser entendido e servir de modelo para os demais negócios do estado”, disse Julie Messias, titular da pasta.
O Estado tem ainda apoiado o setor com incentivos fiscais. O imposto, que antes era de 5% sobre a comercialização de frangos e derivados, hoje, é praticamente zero: 0,01%.
“Não tem como você estar na Amazônia e estabelecer um negócio sem responsabilidade ambiental. O Selo Amazônia certifica as empresas que respeitam o limite da integridade ambiental e agrega valor aos produtos. A visão do meio ambiente como uma pasta transversal do governo e que também pode ajudar a fomentar negócios é estratégica. Nós vamos visitar empresas do estado, conhecer que medidas estão sendo adotadas com esse compromisso e apoiar no que for necessário”, explica Julie.
Granja Carijó
A empresa familiar foi fundada em 1981, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, pelo empresário Luiz Helosman. Hoje, a Granja Carijó está localizada na Vila Pia, BR-317, no município de Senador Guiomard.
Em 2013, com o isolamento do Acre por conta da cheia do Rio Madeira, houve a oportunidade de conquistar o mercado de Rio Branco.
A unidade tem quase 480 mil aves e uma produção média diária de aproximadamente 190 mil ovos. A previsão é chegar a 350 mil em março de 2024, com a conclusão de mais dois aviários. No total serão sete.
Certificada pelo Serviço de Inspeção Federal (SIP) do Ministério da Agricultura, todo o processo de produção é automatizado e segue um rigoroso controle sanitário. Atendendo todo o Acre e o sul do Amazonas, mais de 150 pessoas estão diretamente envolvidas na produção.
“Além do incentivo fiscal, o apoio do governo para produção de milho, soja e agronegócio em geral reduz o custo com insumos; a empresa passa a ter mais escala e competitividade e a gente tem mais segurança para ampliar o nosso negócio, cada vez mais sustentável”, observa o empresário.