Criadores de suínos da região do Alto Acre participam nesta semana do Curso de Produção de Suínos em Sistema Compost Building, ministrado pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Paulo Armando.
“Será ministrado um treinamento sobre a produção dos suínos, mais especificamente no sistema de cama sobreposta e, também, na parte da gestão da água. São duas partes importantes na criação de suínos. Tenho experiência na criação desses animais há mais de 30 anos. A ideia é repassar as técnicas e experiências aos produtores”, adiantou o pesquisador.
A ação faz parte das atividades que o governo do Acre está desenvolvendo para fortalecer a cadeia produtiva da suinocultura. A abertura da qualificação foi nesta terça-feira, 3, no Centro Cultural de Capixaba.
Socorro Ribeiro, presidente da Empresa de Assistência Técnica Extrativista Rural do Acre (Emater), explica que a autarquia atua em parceria com a Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), prestando assistência técnica a 26 criadores de suínos de Epitaciolândia e 28 produtores de Capixaba.
“Decidimos, com a equipe da Seaprof, fazer esta capacitação porque o produtor tem que entender a propriedade dele como uma empresa. Para que isso aconteça, ele tem que saber trabalhar com a criação de suínos. Trouxemos o professor da Embrapa para que eles possam trocar experiências. É um desafio, por se tratar de uma atividade coletiva, comunitária, com um desafio maior do que quando se faz uma atividade individual”, destaca a presidente.
Socorro Ribeiro frisou que os produtores precisam estar conscientes e organizados. “Teremos divisão de trabalho. Para isso, a assistência técnica estará sempre junto, auxiliando na parte da criação e manejo, com apoio de um médico veterinário, como na organização comunitária.”
Aprender para ter bons resultados
José Marcos é criador de suínos. Ele conta que há décadas atua nessa área, mas há poucos anos mudou as técnicas que utiliza para criar os animais e ser um dos produtores que abastece a agroindústria Dom Porquito. “Nós criávamos antes utilizando a maneira tradicional e vemos uma diferença grande no método de agora, com muito mais segurança, qualidade”, comenta Marcos.
O produtor completa afirmando que é preciso ter conhecimento maior sobre a criação para que se obtenha bons resultados. “Esse curso é a mola mestre para podermos tocar um projeto de qualidade. Precisamos desse aprendizado para poder fazer. Estou numa expectativa muito grande. Precisamos nos esforçar um pouco para termos resultados positivos”, afirma José Marcos.
Cadeia com investimentos assegurados
O coordenador do Departamento de Produção Familiar da Seaprof, Paulo Sérgio Braña, ressalta que o curso faz parte do Plano de Gestão de Fortalecimento da Suinocultura.
“Os investimentos na área da suinocultura para Capixaba e Epitaciolândia chegam a R$ 1 milhão, em cada municípios. Há outros R$ 4 milhões sendo discutidos com a indústria Dom Porquito para a construção da Unidade de Produção de Leitões [UPL] e outros R$ 6 milhões pelo Banco Mundial para abrir uma nova frente de suinocultura na região do Vale do Juruá. São pelo menos R$ 10 milhões para trabalhar dentro dessa cadeia no Acre”, revelou Braña.
Parceiros ajudam a fortalecer atividade
Além da Emater e da Seaprof, o governo do Estado tem ainda o apoio das equipes do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), que trabalham na defesa da sanidade dos animais, prestando assistência e garantindo que o rebanho da região seja composto por animais sadios.
Também há a parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e Embrapa, bem como das equipes da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Acre (SFA/AC).
Entenda o que é o Sistema de Cama Sobreposta
Em artigo, a pesquisadora Giane Nepomuceno, da Universidade de Lavras, explica que o sistema de criação de suínos em cama sobreposta, também conhecido por deep bedding, consiste na utilização de piso composto por um substrato, podendo ser maravalha, palha, casca de arroz, bagaço de cana e outros.
Ainda segundo o artigo, o sistema visa reduzir custo em edificações e tem vantagens ambientais porque o substrato absorve os dejetos produzidos pelos animais, durante o período de permanência, minimizando os riscos de poluição e melhorando a valorização agronômica do composto como adubo orgânico.