A Secretaria de Estado de Pequenos Negócios (SEPN) em parceria com o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMbio) e Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac) realizou durante esta semana um encontro de multiplicadores em meliponicultura com objetivo de capacitá-los nas técnicas de multiplicação das colmeias a partir de enxames já domesticados.
A parte teórica da capacitação ocorreu na Unidade de Gestão Ambiental Integrada (Ugai) do Rio Liberdade e a parte prática no meliponário do produtor rural João Miranda, situada no ramal 3 do Projeto Santa Luzia. Participaram multiplicadores de Rodrigues Alves, Manoel Urbano, Brasileia, Cruzeiro do Sul e Porto Walter que se encarregarão de levar as informações aos produtores de suas respectivas áreas.
Na abertura do curso, Marla Daniel de Oliveira, bióloga do Imac, apresentou a Resolução nº 346, de 2004, do Conama e a Instrução Normativa nº 169 de 2008, do Ibama, que estabelecem normas técnicas para as atividades de meliponicultura. Lidos os dois documentos, ficou claro entre os presentes que os órgãos ambientais deverão reunir-se novamente com os meliponicultores visando maior entrosamento e estabelecimento de normas específicas para o Estado.
“Com o crescimento do programa, houve necessidade de um nivelamento de conhecimentos entre os mediadores no processo de multiplicação com apoio dos órgãos ambientais”
Sílvia Monteiro, Secretária dos Pequenos Negócios
O analista ambiental do ICMbio, Pablo Saldo, conta que o órgão vem acompanhando os desdobramentos e tem dado todo o apoio possível ao programa de meliponicultura, “principalmente no Rio Liberdade, onde já existem algumas caixas produzindo”. Para ele a atividade vai além da possibilidade de geração de renda. O ICMbio, segundo explicou, está preocupado com a segurança alimentar; que as famílias tenham alimento de qualidade e com diversidade na sua mesa. “Essa ação de criação de abelhas sem ferrão vem trazer isso do ponto de vista do extrativismo e da sustentabilidade”.
A multiplicação
Os participantes do curso aprenderam a fazer a multiplicação de enxames em duas situações: a primeira quando o produtor é iniciante e tem apenas uma colmeia e a segunda no caso do produtor que já tem mais colmeias. As duas técnicas são simples. “A multiplicação é bem mais simples e fácil do que capturar um enxame na mata”, explica Engelberto Flach, técnico em meliponicultura, que há três anos vem difundindo a atividade em todo o estado.
Segundo Flach, a meliponicultura é totalmente sustentável: “o meliponicultor é um repovoador de espécies na mata”. Isto porque, mesmo domesticadas, elas fazem a divisão dos enxames naturalmente e assim voltam a procurar casa na floresta. Com muito cuidado, cada enxame pode ser multiplicado até duas vezes por ano. Assim, o produtor pode rapidamente aumentar seu meliponário.
Ainda segundo o técnico, é de interesse do programa do mel obter autorização dos órgãos ambientais para capturar previamente os enxames, em áreas autorizadas para desmates.
Comercialização e cooperativa
No Acre, as melíponas mais conhecidas são de duas famílias as variedades de jandaíra e as de uruçu. Elas sempre foram utilizadas popularmente como medicamento para vários males. No entanto, a colheita era feita de modo predatório e normalmente acabava com a extinção dos enxames. O mel das melíponas contém mais de 70 substâncias retiradas da diversidade vegetal, muitas delas já utilizadas na medicina popular, através do uso de plantas. Além disso, é um alimento riquíssimo.
A comercialização da produção é garantida e o mel das melíponas é bem mais valorizado no mercado do que o mel das abelhas apis (com ferrão). Existe grande interesse pelo mel em outros estados do Brasil e um site comercial na França já se disponibilizou a divulgar o produto no Mercado Comum Europeu.
A SEPN também tem a programação de participar ainda neste ano de três feiras, uma delas na Expoacre, onde o mel será comercializado. Segundo a gerente do programa de meliponicultura da SEPN, Sebastiana Miranda com apoio da Secretaria, os produtores do mel do Acre fundaram a Acremel, cooperativa que, futuramente, assim que o Estado tiver cumprido seu papel de fomento, deverá ser a responsável pela continuação e aprimoramento da atividade.