O último domingo de janeiro é dedicado ao Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase. O tema da campanha deste ano é “Hanseníase: quanto antes você descobrir, mais cedo vai se curar”. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e divulgar o tratamento ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS).
Simião Santos da Rocha descobriu que tinha hanseníase aos 37 anos. Hoje, aos 43, ele está curado, porém, continua sendo acompanhado por um dermatologista no Serviço Especializado em Dermatologia do Hospital das Clínicas (HC) de Rio Branco. Lá, segundo ele, recebeu a medicação para curar a doença, mas também apoio, respeito e dedicação para enfrentar o preconceito.
“Percebi uma mancha marrom nas minhas costas, mas não dei importância. Pensei que era um sinal. Minhas mãos incharam e senti minhas orelhas e mãos adormecidas. Fui ao médico e, depois de alguns exames, recebi a notícia que estava com hanseníase”, lembra Rocha.
Apesar de ter cura, ainda há quem relute em procurar o tratamento, com medo de sofrer preconceito. Rocha conta que o apoio da família foi fundamental para vencer a doença.
“Não saía de casa, sempre achava que estavam me olhando. Nos encontros de família, me afastava com vergonha. Um dia percebi que o preconceito era meu. Todos estavam me apoiando e torcendo pela minha recuperação. Graças a Deus e aos médicos, estou curado, sem nenhuma deformidade”, relata.
O governador Tião Viana, médico infectologista, é reconhecido pelo trabalho em busca da eliminação da hanseníase no país. Quando era senador, criou a lei que indeniza hansenianos que foram isolados da sociedade por causa da doença.
Hanseníase no Acre
Em 2015, o Estado reduziu 98% na prevalência da doença, alcançando 2% a cada 10 mil habitantes. De acordo com Franciely Gomes, coordenadora do Serviço Especializado em Dermatologia, os dados são parciais e tendem a diminuir.
“Tivemos uma redução significativa, o que demonstra o esforço do governo e da equipe da saúde para eliminar a doença no estado. Nos anos 80, eram 110 casos por 10 mil habitantes”, destaca Franciely.
Neste ano, as ações serão intensificadas por meio de campanhas educativas. “Vamos orientar a população sobre os sinais e sintomas da doença, e incentivar o diagnóstico precoce. A doença, na fase inicial, não transmite e não tem risco de causar deformidade. Hanseníase tem cura, e a medicação é gratuita”, conclui a coordenadora.