A trajetória do adolescente haitiano JalensVolf August, 16, não foi das mais fáceis. Há um ano e três meses no Brasil, August chegou ao Acre sozinho e teve seu passaporte apreendido ao tentar deixar o estado com o objetivo de chegar a Martinica (território da França), onde mora a mãe. Na manhã deste sábado, 7, esta história começa a mudar. O jovem recebeu seu passaporte, junto a um visto francês, para que possa reencontrar sua mãe.
O momento histórico na vida de August ocorreu no novo abrigo destinado aos haitianos e africanos que chegam ao Acre pela fronteira com o Peru e Bolívia. Ao todo, mais de 23 mil imigrantes já chegaram ao estado ilegalmente e hoje 117 estão no abrigo. Cerca de 200 imigrantes ainda atravessam a fronteira semanalmente.
Para o governador Tião Viana, esse foi um momento único: “Quero agradecer primeiramente as equipes de governo. O maior traço civilizatório é o acolhimento e a receptividade. E foi dessa maneira que resolvemos agir no Acre. Outros povos do mundo querem impedir a entrada de imigrantes com armas e força. E aqui conduzimos o caso do August com o coração”.
Com tanto tempo no Acre, August já fala português fluentemente. Emocionado, o garoto diz que quando chegou ao Brasil seu único sonho era reencontrar a mãe e que há sete meses pensava até em suicídio, mas agora não quer perder o amor conquistado aqui. “Até agora não acredito que tenho o visto. Estou vendo, mas não acredito. Não sei nem como agradecer. O amor que eu encontrei aqui no Brasil eu não quero perder. Vou pra França, mas volto”, revela August a afirmar que pretende ser diplomata formado no Brasil para um dia poder voltar e ajudar o Haiti.
O visto foi concedido depois que o senador Jorge Viana marcou uma audiência com o embaixador da França no Brasil, Denis Pietton, a fim de solucionar o problema. Conseguir o passaporte e o visto foi um desafio junto a embaixada da França, que relutou o documento tendo em vista que August é menor de idade e ilegal no país. Ainda assim, o senador conseguiu os documentos. “O Tião Viana, por defender a ajuda humanitária aos haitianos, tem recebido muitos ataques”, lembrou Jorge Viana.
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