Os estudantes diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) Davi Barroso Lima, 17 anos e Emanuel Vítor Pimentel, 19 anos, superaram barreiras e se destacaram no Enem com aprovação na Universidade Federal do Acre.
Davi Barroso Lima concluiu o ensino médio no Colégio Militar Dom Pedro II, foi aprovado no curso licenciatura em Música. Emanuel Vítor Pimentel estudou no do Instituto São José, conveniado com o estado, e passou para o curso de História bacharelado.
O jovem Emanuel que agora é acadêmico do curso de História, também é estudante do curso de Análise de Desenvolvimento de Sistema, em uma faculdade particular, pois a pandemia o deixou muito ansioso, depressivo e nervoso, então resolveu estudar mais para a área do seu interesse e ocupar o tempo.
Diagnosticado aos oito anos com TEA, Emanuel Vítor começou a ler com dois anos de idade, mesmo tendo dificuldade na fala. Na escola teve o acompanhamento do Ensino Especial, terapia, equoterapia, atendimento educacional especializado (AEE).
Emanuel quando começou estudar já era alfabetizado e estava sempre à frente das crianças da sua turma, gosta de estudar e seus colegas o acolheram sem fazer diferenciação. Mesmo sendo extremante tímido, apresentava os trabalhos e se destacava, interagia com os colegas e professores nos debates em sala de aula.
Nos tempos livres, Emanuel gosta de ler artigos na internet, acessar notícias e desde pequeno mostrou interesse pela informática, se idêntica com a área e diz que pretende trabalhar com tecnologia da informação.
Sua grande apoiadora e incentivadora sempre foi sua mãe, Jeane Oliveira, técnica de enfermagem que o acompanha no tratamento e em tudo que ele precisa, se desdobrando para cuidar também do filho caçula, com deficiência.
A maior dificuldade encontrada pelo Emanuel na escola foi a fase da adaptação a uma rotina sem o contato dos familiares, segundo relato da mãe, por ter dificuldade de aceitar regras, que é um comportamento próprio do transtorno.
Quando perguntado sobre ter sonhos, Emanuel diz que tem um, relatou o que almeja, mas que é muito pessoal e alertou logo que não quer que seja divulgado. Espera fazer novas amizades na Ufac e acredita que o curso vai ser muito bom.
Já o estudante Davi Lima foi diagnosticado com autismo, quando ainda estava na Educação Infantil aos 5 anos de idade, identificado pela professora. A partir daí passou a receber atendimento especializado.
A mãe do Davi, Vanda lima, ressaltou a importância da Educação Especial no Colégio Militar Dom Pedro II, “professores muito bons, mediadoras de excelência e deram todo o suporte necessário para a formação do meu filho”.
Davi conta que tem aulas de piano há seis anos e se descobriu na música. Quando viu um piano pela primeira vez em uma apresentação musical, seus olhos brilharam, conversou muito com o professor Marcelo Brum, que também é seu professor na Ufac e foi um momento muito importante para o despertar de sua vocação, a partir dali não teve mais dúvida do que queria ser.
Além do piano, Davi também toca flauta, violino, violão, guitarra, contrabaixo e um pouco de bateria, mas o que mais importa para ele é a produção de música e reforça que tem que ser valorizada.
Davi revela que sua grande paixão é a música e sonha ser um artista renomado. Já tem mais de 100 produções musicais e além do propósito de ser professor de música, pretende trabalhar também com produções.
O estudante tem um canal de músicas no YouTube que se chama Davi Barroso Lima e tem uma produção identificada no Shazam que é uma plataforma digital de identificação de músicas, filmes e programas de televisão. A música tem como título chave do sucesso.
“Desde o meu sétimo ano que eu decidi estudar música. Meus colegas da Ufac me ajudam e eu os ajudo também nas aulas. Meu TCC vai ser algo que possa contribuir na sociedade, como os grandes compositores que ficaram bem falados. Pretendo ser um artista e ser reconhecido pelo mundo todo”, comentou.
Nas horas vagas Davi gosta de assistir séries com dublagem e legendas em inglês para aprender o idioma fluentemente, mesmo nas horas vagas ele vem aprendendo, mudou para o inglês quando se cansou do piano e também se interessou em aprender a falar espanhol, francês e Mandarim.
O jovem relata que o maior problema que enfrentou na escola foi de relacionamento com os colegas e que os professores e os monitores eram ótimos, mas hoje na universidade, os colegas são mais maduros e lhe entendem melhor.
“O professor Marcelo Brum foi enviado por Deus, pois depois que o Davi começou a tocar ele ficou mais calmo, concentrado, conseguiu relaxar, ficou mais focado e se encontrou na música”, declarou a mãe, Vanda Lima.
Educação e Autismo
A educação é uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento de crianças com autismo. Por meio da educação, esta criança pode aprender assuntos acadêmicos e atividades diárias. A aprendizagem das crianças com autismo não é fácil, mas fica claro que com dedicação e amor, essas crianças podem alcançar uma vida mais independente e com qualidade.
A professora Shirley Lessa, chefe da Divisão de Educação Especial explica que nem todos os alunos autistas conseguem ficar sentados durante a aula toda, sem que haja intervenções adequadas e adaptações razoáveis ao bom aprendizado do aluno com TEA.
Para realizar o sonho de ingressar na universidade, as pessoas com autismo precisam do apoio dos pais, professores e instituições de ensino. Como as pessoas com TEA aprendem de maneira diferente, é importante que os materiais didáticos e de apoio sejam adaptados de acordo com as necessidades do aluno.
O Autismo não é uma doença, mas sim um transtorno do neurodesenvolvimento, conhecido por “Transtornos de Espectro Autista”.
Neste sábado, 2, comemora-se o dia mundial de conscientização do autismo. A data foi estabelecida em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e tem por objetivo, difundir informações para a população sobre o autismo e assim reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno. Para que as ações ocorram no mês todo, foi criada a campanha abril azul.