Uma música de ninar bem suave pode ser ouvida no leito de número dois da sala de parto da Maternidade Bárbara Heliodora. É porque Larissa de Ávila, 22, prepara-se para dar à luz à menina Lívia Maria. Larissa está há algumas horas em trabalho de parto, e a música é utilizada para ajudá-la a relaxar.
Para aliviar as dores das contrações, ela já recebeu um escalda-pés, banho morno, massagem nas costas com óleos vegetais, além de ter a companhia, em todos esses momentos, de sua sogra Neuda Muniz.
Nos instantes finais que antecedem a chegada de Lívia Maria, Larissa escolhe a posição mais confortável para a saída do bebê. Uma enfermeira auxilia a paciente, deixando a futura mamãe à vontade, para uma das horas mais importantes de sua vida.
Quando, enfim, Lívia nasce, ela não é levada de imediato para tomar banho e ser vestida. Seus primeiros momentos fora do útero são no colo de sua mãe, em um contato pele a pele, descrito por pesquisadores como a “Hora Mágica”, fundamental para a saúde, além de estimular a amamentação e criação do vínculo entre mãe e filho.
Embora sofrendo com as dores, mas confiante pelo atendimento recebido, a jovem mãe recebeu em seus braços a filha tão esperada. “Eu senti muita dor. Cheguei a pedir à enfermeira para ser operada, mas os cuidados e a atenção que recebi me ajudaram a ser forte para suportar e seguir até o fim”, relata a mamãe.
Boas práticas no parto normal
O processo pelo qual mãe e filha passaram faz parte do novo método implantado na maternidade, desde janeiro deste ano, denominado “Boas Práticas no Parto Normal”. O método já é utilizado há alguns anos pelo Hospital Sofia Feldman, de Belo Horizonte, que é referência nacional em assistência ao parto humanizado, e em vários outros hospitais e maternidades pelo país.
As boas práticas foram desenvolvidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1996, com base em estudos científicos, e orientam sobre o que deve ou não ser feito no processo do parto.
“O que buscamos com esse método é o retorno da autonomia da mulher, durante o trabalho de parto. Ela escolhe a posição em que se acha mais confortável para a saída do neném, ela é livre para chorar, gritar, andar pelo ambiente do leito. O nosso trabalho, enquanto profissionais, é apenas orientar essa mãe, tentar acalmá-la e deixar o parto ser o mais natural possível. A intervenção médica e cirúrgica ocorre apenas quando fica claro que não há possibilidade de um parto normal”, explica a enfermeira obstétrica Jorgeane Melo.