“Foi ao mesmo tempo dolorido e emocionante”, foi assim que a adolescente Raquel Silva descreveu o parto do primeiro filho, Vitor Cauê, nascido por meio de parto normal na maternidade Bárbara Heliodora.
Raquel conta que desde o início da gravidez optou pelo parto normal, por saber que é a melhor maneira de nascimento tanto a mãe quanto para o bebê, pois proporciona menor risco de infecção, favorece a produção de leite materno e uma recuperação mais rápida. “Nem me passou pela cabeça passar por uma cesárea, só faria se fosse o último recurso”, disse a jovem.
Para incentivar o parto normal e diminuir o número de partos cesáreas, além de combater a violência obstétrica, a Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolveu em 1996, as técnicas denominadas de Boas Práticas no Parto Normal, que utilizam recursos para possibilitar que o parto seja o mais natural possível, sem uso de medicamentos. As técnicas já são utilizadas na maternidade Barbara Heliodora e no Hospital Santa Juliana desde 2013.
“O objetivo da utilização de todas essas técnicas não é apenas diminuir o número de partos cesáreas, mas proporcionar à mulher um parto respeitoso. Com isso, o número das cirurgias tem diminuído muito e estamos trabalhando para que diminuam muito mais”, afirma a apoiadora do Ministério da Saúde (MS) no estado, a enfermeira Gerlívia Angelim.
“Esse número só não diminui mais ainda aqui na maternidade por ser uma unidade que atende pacientes com gravidez de risco, o que torna inevitável a cesárea em alguns casos, mas o sucesso com o uso das técnicas de indução ao parto natural é visível”, afirma o médico residente em ginecologia e obstetrícia João Augusto Abomorad.
Novas regras para a rede privada
O Brasil está acima da média mundial (18%) em número de partos cesáreas, com índices de 40% na rede pública e 84,6% na rede privada. Para reduzir o número de cesarianas nos hospitais privados, o MS e Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) anunciaram na terça-feira, 7, um conjunto de medidas que devem começar a valer em 180 dias.
Uma delas inclui o preenchimento do partograma, relatório que informa o desenvolvimento do parto e que será requisito para que os planos de saúde paguem o hospital e médicos.
O partograma já é utilizado na rede pública, como incentivo para que os hospitais que o utilizam recebam mais recurso.
O MS lembra que a cesariana, quando não há indicação médica, aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe.