O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, que está em visita ao Acre, reuniu-se nesta terça, 27, com cooperativistas no Ramal da Nova Cintra, em Rodrigues Alves. O encontro principal foi com a diretoria da Cooperativa dos Produtores de Agricultura Familiar e Economia Solidária de Nova Cintra (Coopercintra), especializada na extração de óleo de murmuru, que serve de matéria-prima para a indústria de cosméticos.
A cooperativa conta com cerca de 300 famílias associadas, que se dedicam à prática extrativista. Desde a coleta do coquinho de murmuru, nas praias dos rios e na floresta, até o transporte e processamento do óleo, a operação envolve uma expressiva mão de obra. Os cooperados receberam com entusiasmo o presidente do BNDES e a sua comitiva, formada por sete diretores, na perspectiva de conseguir financiamentos para fortalecer a cadeia produtiva do beneficiamento do murmuru.
O presidente da Coopercintra, Rivaldo Pereira da Costa, destacou que a visita da comitiva do BNDES é uma oportunidade para que a indústria cooperativada receba um impulso com novos investimentos do Banco público.
“O meu desejo é que possamos crescer cada vez mais. E que as novas gerações tenham na nossa cooperativa uma fonte de renda. Usamos uma estrutura do governo do Estado, mas cuidamos como se fosse nossa. Estamos precisando fazer uma recuperação nas nossas instalações e vamos aproveitar a visita do presidente do BNDES para apresentar projetos que ajudem a aumentar a nossa produção”, disse.
Por sua vez, um dos fundadores da Coopercintra, Osmarino de Sousa, fez um breve relato histórico do desenvolvimento da Cooperativa.
“Iniciamos os nossos trabalhos, em 2012, quando esta estrutura foi montada para uma experiência com biodiesel. O projeto não deu certo, a nossa Associação Agrícola da Nova Cintra assumiu a estrutura e começamos a trabalhar com a extração de óleo de murmuru. Aos poucos fomos mudando a forma de operar, criando a primeira cooperativa da região. Com muito sacrifício, trabalhamos praticamente cinco anos sem nenhuma retirada de salários. Conseguimos, com esse capital, adquirir os maquinários e atualmente compramos 12 mil sacas de murmuru para o processamento do óleo”, contou Rivaldo.
No momento, além do murmuru, a Coopercintra está investindo no beneficiamento da borracha e do cacau. Também está com a perspectiva de trabalhar com os óleos de copaíba e andiroba e com polpa de frutas.
O prefeito de Rodrigues Alves, Jailson Amorim, que acompanhou a visita, salientou que a Coopercintra é essencial para a geração de renda da população da zona rural.
“Nós só temos três fábricas em Rodrigues Alves. Mas a Coopercintra é a nossa vitrine para incentivar a iniciativa de outros produtores. Mesmo antes de eu ser prefeito ajudei muito no crescimento dessa cooperativa, pelo seu aspecto econômico e social. A Coopercintra tem um papel fundamental para centenas de famílias da nossa região”, pontuou o prefeito.
Visibilidade aos empreendimentos comunitários da Amazônia
Gustavo Montezano explicou que o banco quer incrementar os seus investimentos em empreendimentos fora do eixo Sul-Sudeste.
“Estamos aqui para conhecer as pessoas que estão fazendo acontecer essa fábrica de óleo de murmuru, que é de encher os olhos. A gente que acompanha o mercado de finanças sabe como é difícil construir uma empresa, mas a história dessa cooperativa é única. A forma de operar de forma associativa e cooperada na Amazônia é algo raro de se ver. O artigo mais importante que vocês, cooperados, construíram é uma cadeia de confiança em que todos se apoiam, cada um dando o que tem de melhor”, ressaltou Montezano.
E complementou: “São iniciativas baseadas em parcerias como a Coopercintra que desenvolvem cidades, estados e países. A nossa comitiva do BNDES está aqui para conhecer melhor essa região do Brasil e ver como funcionam essas cooperativas. O nosso objetivo é cada vez mais apoiar os pequenos e médios empresários. O que aprendi nesses dois anos, como presidente do Banco, é que temos que valorizar os empreendedores da floresta com atividades produtivas sustentáveis que mantêm a floresta em pé”, afirmou.
O presidente Gustavo Montezano aproveitou a visita ao Ramal da Nova Cintra para conhecer também uma casa de farinha e uma associação de mulheres do ramal, que produz sabonetes e xampu. Todas iniciativas com características comunitárias, que estão na radar de financiamento do BNDES, para fomentar empregos e oportunidades na Amazônia.