Pensando em fortalecer os laços familiares, o governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e do Núcleo de Saúde Mental, realiza uma capacitação sobre o Programa Famílias Fortes (PFF), em parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac), campus Rio Branco, no auditório do Acreprevidência. O público-alvo são profissionais da unidade de ensino, assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais da rede, que também participam da formação.
O Programa Famílias Fortes (PFF) é uma proposta de intervenção com as famílias para evitar que os adolescentes sejam atraídos ao mundo do álcool e de outras drogas. O objetivo é reduzir fatores considerados como riscos ao estreitar os laços familiares. Segundo a chefe do Núcleo de Saúde Mental, Márcia Aurélia Pinto, a ideia partiu do Ifac e abrange todo o estado.
“Começamos um trabalho de reuniões buscando a implementação do programa e o Ifac foi o grande mantenedor dessa formação. Hoje nós temos aqui saúde, educação, assistentes sociais da capital e desses municípios”, disse Márcia.
Após um planejamento feito com a equipe de profissionais formada por psicólogos, assistentes sociais e pedagogos, foi detectada a necessidade de um trabalho voltado para as famílias, explica a coordenadora do Núcleo de Assistência ao Estudante do Ifac, Sandra Amorim.
Visando uma capacitação de qualidade, os articuladores trouxeram o organizador do programa, no Brasil, Emerson Suriani, como palestrante da atividade.
“Eu pensei: ‘vamos buscar na rede o que se tem sobre o trabalho com as famílias’ e encontrei uma amiga que falou sobre o PFF, disse que estava parado e que precisavam fomentá-lo. Buscamos parcerias e estabelecemos essa parceria com a Sesacre, e a partir disso trouxe o Emerson Suriani que é um dos organizadores do programa, no Brasil”, destacou Sandra Amorim.
Dar presentes ao invés de presença
Essa foi a frase dita pelo palestrante que faz refletir sobre o tipo de relação entre pais e filhos, construída atualmente. “Nós temos uma geração de pais, que tiveram pais com poucos recursos. Então, isso é algo que eles querem cobrir com os filhos, então, eles trabalham demais, para ter mais dinheiro e poder dar mais coisas que eles sentiram falta na época deles, mas esquecem que o principal é estar presente”, enfatizou Emerson.
Ao conversar com um jovem, conta Emerson, é comum aparecer o tema suicídio. “Dificilmente você conversa numa roda onde não tem uma ou duas pessoas que estão com depressão, ou pessoas próximas com esse problema. Então, o Famílias Fortes traz ferramentas práticas justamente para trabalhar esse tipo de questão”, explica.
Os profissionais aprenderão a como ajudar a unir a família, dar ferramentas aos profissionais que lidam diretamente com jovens, para fortalecer o diálogo entre o filho e os pais, evitando que o jovem não procure conselho na rua. “Nós vamos pegar desde os fundamentos, histórico do programa, da base metodológica que ele está, até chegar à prática dele, de como implementar”, explicou Suriani.
As atividades do programa promovem sete encontros com os adolescentes e os responsáveis, durante duas horas. “Colocamos os jovens numa sala e os responsáveis em outra, separados, depois juntamos para que eles conversem sobre o mesmo tema trabalhado. Então, na prática é preparar os pais e adolescentes para juntá-los posteriormente, para que um entenda o lado do outro”, finalizou Emerson Suriani.
Nesses encontros busca-se refletir sobre os valores das famílias, dinâmicas e metas; o fortalecimento de vínculos, habilidade de expressar amor, apoio, estabelecer regras por meio do respeito e compreensão entre as partes.
Programa no Acre
O Estado do Acre teve o Programa Famílias Fortes implantado em 2014, porém, o mesmo ficou parado durante algum tempo. Em abril de 2019, teve início o diálogo entre Instituto Federal do Acre e Sesacre para recuperá-lo e possibilitar às famílias acreanas a oportunidade de não perder mais jovens para a obscuridade social. O Acre foi um único estado a ter e permanecer com o programa implantado.