Ao todo, são 15 alunos adultos, entre 30 e 75 anos. Quase todos com a mesma história: moravam no seringal, tiveram que trabalhar cedo, constituíram família precocemente, num tempo em que a oportunidade de estudo não era comum para quem vivia no interior.
Agora, pela primeira vez, essa oportunidade chegou para os alunos do programa Quero Ler – erradicação do analfabetismo –, do Ramal Castanheira, no bairro Santa Maria.
Na noite de terça-feira, 3, o governador Tião Viana visitou a turma de alunos juntamente com a equipe da Secretaria de Estado de Educação (SEE), o secretário de Meio Ambiente, Edegard de Deus, e o controlador-geral do Estado, Giordano Simplício.
“É uma novidade de vida pra todas essas pessoas que são sonhadoras e têm muita vontade de aprender. É uma oportunidade única pra eles que na infância não a tiveram, mas hoje, com suas famílias constituídas, estão realizando esse sonho, graças ao governo”, conta a professora Silnaria Melo.
Só em Rio Branco, há 329 turmas do programa Quero Ler responsáveis pela alfabetização de mais de cinco mil alunos.
Nas próximas semanas, o programa será estendido para o interior do estado, inicialmente para as cidades de Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó e a região do Alto Acre. Cerca de 19 mil pessoas devem ser alfabetizadas até 2018.
“Seremos o primeiro estado do Brasil a eliminar o analfabetismo. Vocês são parte de uma geração que não teve a oportunidade que hoje as crianças têm. E nós estamos aqui hoje porque queremos que vocês participem desse mundo de oportunidades, onde a leitura liberta”, afirma Tião Viana.
“Conhecimento é pra vida toda”
O aposentado Victor Felix de Mendonça conta que viveu no seringal nas décadas de 1970 e 1980, num tempo que o estudo era uma realidade distante. Ele e a família nunca deixaram de acreditar que o momento de aprender a ler chegaria, afinal, “conhecimento é pra vida toda”.
“E eu já tô aprendendo. Já até leio um pouco. Agora eu tô conquistando um lugar melhor na sociedade. Eu nasci e fui criado no seringal em tempos muito difíceis onde nunca foi possível frequentar uma sala de aula. Hoje eu já leio alguma coisa, aos 72 anos alcancei esse sonho”, conta o aposentado.
Para Raimundo Ângelo não foi diferente. Do seringal para a cidade ele conta que foi surpreendido pela vida e pelas mudanças. Segundo ele, hoje o governo dá tanta oportunidade que realmente só não estuda quem não quer.
“A gente vive um tempo de oportunidade, né? Eu morava no seringal, e estudar lá era impossível. Hoje em cada bairro tem escola. Ainda cheguei a estudar até a primeira série. A gente tendo conhecimento melhora em muito a vida, seja pra arrumar um emprego ou pegar um ônibus. É outra vida”, afirma.