Reunidas em um café da manhã nesta sexta-feira, 10, no Clube de Oficiais da Polícia Militar do Acre (PMAC) e Corpo de Bombeiros Militar do Acre (CBMAC), cerca de 50 policiais militares femininas tiveram um momento animado de bate-papo e boas lembranças. Elas fazem parte do grupo “Rainhas de Coturno”, formado há seis anos por aproximadamente 80 mulheres da reserva remunerada da Polícia Militar do Acre (PMAC).
Para o encontro, elas vieram de várias regiões do Acre e também de outros estados. São oficiais e praças de diferentes postos e graduações que se juntaram, após ingressarem na reserva remunerada, a “aposentadoria” dos militares estaduais, com o objetivo comum de trocarem experiências, confraternizarem e, sobretudo, manter o vínculo de amizade construído durante os anos vividos na “caserna”.
A tenente da reserva Sineide Maria, uma das organizadoras do evento e pioneira do grupo, vê esses momentos com as colegas como uma forma de manter vivas as lembranças de lutas, em uma época em que as mulheres não eram tratadas com igualdade, principalmente em profissões formadas majoritariamente por homens. Mas para ela, esse é o menor dos objetivos das “Rainhas”.
“A ideia sempre foi de ajuda mútua, tanto com as questões de adaptação para a nova fase da vida, quanto em outras áreas, inclusive financeira para quem estivesse precisando, como uma grande corrente do bem, onde estendemos a mão a quem precisa e, lá na frente, essa pessoa iria retribuir. Já vivenciamos isso, angariamos doações para vários colegas que passaram por momentos difíceis, por motivo de doenças ou outros problemas, e continuamos fazendo porque isso é tão gratificante e alentador”, pontua a tenente.
Como convidado de honra das veteranas, um oficial da reserva da PMAC também marcou presença no encontro. O coronel Josinaldo Oliveira foi um dos primeiros comandantes da Companhia de Polícia Militar Feminina (Cia PM Fem), criada no início dos anos 90 e que passou de fato a utilizar as mulheres em atividades operacionais, já que até então, as poucas que se aventuravam nas fileiras da PM desenvolviam trabalhos voltados para os menores de idade, mulheres e idosos, o que configurava uma função mais próxima da assistência social.
“Trabalhar na Cia PM Fem foi uma grande surpresa, na época, porque sempre fui acostumado a trabalhar com homens. Havia muito preconceito com elas, sobretudo por parte dos policiais masculinos, que viam mulheres como ‘segundo plano’ na polícia. Foi muito difícil trabalhar pra mudar essa mentalidade, inclusive porque eu mesmo passei a ser discriminado por comandá-las e defendê-las em muitas situações. Elas têm gratidão por toda essa história, e eu fico muito feliz em participar desses momentos”, finalizou o coronel.