Entendendo as adversidades e dificuldades para uma alimentação adequada das crianças no estado e a importância da nutrição nos primeiros anos, a Divisão de Alimentação e Nutrição da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) realizou ao longo desses quatro anos diversas ações para reduzir a carência nutricional, por meio de qualificação profissional, suplementação de vitamina A, fortificação da alimentação infantil com micronutrientes em pó (NutriSUS) e a promoção de uma alimentação saudável.
A divisão realizou aproximadamente 20 oficinas de trabalho dos programas e estratégias de alimentação e nutrição, sempre com o intuito de qualificar a atenção nutricional nas três regionais de saúde, envolvendo todos os municípios. Também fez reuniões técnicas com gestores e supervisão integrada com visita às unidades básicas de saúde e creches onde as ações são realizadas.
Todas as atividades tiveram como público os coordenadores dos programas, coordenadores da atenção básica, nutricionistas e agentes comunitários de saúde. Sendo um tema transversal às ações de alimentação e nutrição, foram realizadas sempre em parceria com as áreas técnicas do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas (Dape).
A implementação do cuidado nutricional, por meio da vigilância alimentar e nutricional, e a manutenção de uma boa cobertura (70,59%) dos beneficiários do programa bolsa família, bem como a implementação dos programas de suplementação de micronutrientes e investimentos na promoção à alimentação, saudável permitiram a redução de agravos nutricionais no estado do Acre.
Exemplo disso foi que nos últimos quatro anos houve uma redução do percentual de desnutrição aguda, que caiu de 6,47% para 4,70%, e a crônica, que diminuiu de 22,92% para 18,59% em crianças menores de cinco anos.
“Vale lembrar que a desnutrição é uma das faces da insegurança alimentar e cuja redução depende de investimentos em programas de transferência de renda, como o Programa Bolsa Família, ampliação da atenção à saúde, imunização, pré-natal e parto, incentivo ao aleitamento materno, acesso à suplementação profilática, por exemplo, e de investimentos em políticas de fomento ao aumento da oferta de alimentos, acesso à saneamento básico, água tratada, entre outros”, destaca a gerente da Divisão de Alimentação e Nutrição Deltirene Cardoso.
Programas
Outra conquista foi o aumento da suplementação profilática em que o estado do Acre chegou a ficar acima da média nacional na suplementação do Programa Nacional de Vitamina A, que é feito em crianças de 6 a 59 meses de idade, nos últimos quatro anos. Somente em 2018, quase 25 mil crianças estão sendo beneficiadas em todo o Acre.
Em 2017, a cobertura do programa em crianças de 6 a 11 meses foi de 61,8%, enquanto a média nacional era de 54,69%. E recentemente o estado aderiu a uma nova estratégia de prevenção de carência nutricional, que já está implantada em 9 municípios, e está em processo de consolidação.
“Trata-se da estratégia de fortificação da alimentação infantil com micronutrientes em pó – NutriSUS, em crianças de 6 a 48 meses de idade, em creches credenciadas, nos municípios que aderiram à estratégia”, destaca a gerente.
O enfermeiro Mirlan Moura, há 12 anos trabalha na Unidade Básica de Saúde (UBS) Paulo Alcíones Marques, localizada no município de Santa Rosa do Purus. Ele conta como funcionam os trabalhos de alimentação e nutrição no município.
“Trabalhamos com rodas de conversas na creche, orientando os pais dos alunos, diretores e professores, sobre a importância do NutriSUS para a nutrição infantil. Também orientamos as mães e gestantes sobre a importância da suplementação infantil e da suplementação para as gestantes que ocorrem por meio da ingestão do acido fólico e sulfato ferroso. E mesmo com muitas dificuldades devido a maioria da população ser rural temos uma boa cobertura do Programa Nacional de Vitamina A,” explica o enfermeiro.
Guia Alimentar
A Divisão de Alimentação e Nutrição é um importante aliado e já capacitou aproximadamente 150 profissionais em todo o estado, para implementar o guia como um instrumento de educação alimentar e nutricional para a promoção da alimentação saudável.
Nesse contexto, a ênfase é na implementação do Guia para a população brasileira, a ser usado por todos os profissionais de saúde das unidades básicas de saúde.
“Os avanços sinalizam que estamos no caminho certo, mas com novos desafios para os próximos anos. A transição nutricional nos apresenta um novo agravo nutricional que é o excesso de peso, que já alcança 59,21% dos adultos e em crianças está em 14,98%. É preciso concentrar os esforços na ampliação da vigilância alimentar e nutricional, bem como na promoção do consumo de alimentos saudáveis e adequados e na promoção e incentivo ao aleitamento materno”, explica Deltirene.