Há quem diga que a cozinha é o coração da casa, afinal, é neste ambiente que se alimentam as relações, o corpo, a alma, e claro, o apetite. Na cozinha do Hospital das Clínicas (HC), em Rio Branco, contrariando a máxima de que comida de hospital é ruim e sem graça, o que encontramos ali são alimentos preparados com muito sabor, qualidade e amor.
Com uma produção mensal superior a 69 mil refeições, a cozinha da unidade não para. É de lá que saem o desjejum, lanches, almoço, jantar e ceia dos pacientes, acompanhantes e funcionários. Com a supervisão de quatro nutricionistas que estão sempre inovando no cardápio, a equipe é composta por 62 funcionários. Ao todo, são servidas seis refeições diárias aos pacientes internados na unidade.
“Estar doente já não é fácil, e sabemos que muitos pacientes tem restrição na dieta. Então, usamos a criatividade, o sabor regional, e até a apresentação do prato para que esse paciente sinta vontade de se alimentar, e assim, se recuperar mais rápido”, destaca a nutricionista Juliana Aragão, responsável técnica pela produção dos alimentos e parte clínica.
Gastronomia Hospitalar
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou defeito”. Pensando nisso, e buscando acabar com a ideia de que comida de hospital é ruim, a cozinha do HC vem incluindo no cardápio, técnicas da gastronomia nas refeições servidas, transformando o paciente em cliente.
Juliana conta que a parte visual durante o processo de montagem das refeições influência na aceitação melhor do alimento. “A gastronomia hospitalar não pode ser uma regalia, e sim, uma aliada na recuperação dos pacientes. Por isso, aceitamos o desafio de tornar a refeição não apenas agradável, mas também atrativa e prazerosa. Temos como meta atender as necessidades nutricionais dos pacientes, suas restrições e preferências, respeitando as condições adversas em que eles se encontram”, pontua.
Importante para a recuperação dos pacientes, as refeições recebem o toque de um chefe de cozinha. Com uma experiência de 25 anos, Francisco França revela que apesar da correria, devido à grande produção diária, a equipe também atende alguns pedidos especiais como forma de favorecer a reabilitação e minimizar o sofrimento dos pacientes internados.
“Às vezes o paciente está com vontade de comer algo diferente e damos um jeitinho de atender o pedido. Trabalhamos como se estivéssemos servindo um cliente exigente em um grande restaurante. São vidas, e aqui essas vidas estão frágeis, precisando de cuidados, carinho e amor. A comida também precisa ser humanizada, tratada com respeito e dedicação”, diz França.
A qualidade e o sabor da comida são confirmados por quem todos os dias se alimenta do que é produzido na cozinha do HC.
Glécio Veloso, 59 anos, está internado e se recupera de um problema de saúde na unidade. Ele fala sobre a alimentação. “Tudo vem perfeito. A comida é quentinha, tem variedade. É muito gostosa e não abusa do sal e nem da gordura, já que a nutricionista diz o que a gente pode comer.