Estrangeiros tentavam entrar no Peru, porém o país fechou a fronteira devido a pandemia de Covid-19
Na última sexta-feira, 3, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), por meio da Divisão de Vigilância em Saúde (Divisa), foi ao município de Assis Brasil para dar orientações sobre o panorama da pandemia Covid-19 ao grupo de 244 estrangeiros que tentavam ingressar no Peru para seguir destino a outros país.
De oito nacionalidades diferentes, o grupo que estava residindo nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, queria entrar no Peru. Alguns estavam em regresso ao país de origem, outros tinham como destino final o México, Estados Unidos e outros. Porém, devido a pandemia Covid-19 e isolamento social, principal condição para evitar o contágio pelo coronavírus, o país vizinho fechou as fronteiras e os estrangeiros acabaram ficando em Assis Brasil.
Estratégias de prevenção, cuidado e orientações e acomodação dos estrangeiros foram trabalhadas pela Divisa da Sesacre e Estado que, preocupados com a segurança dos munícipes de Assis Brasil e dos próprios estrangeiros, tomaram medidas de separá-los em duas escolas para evitar uma grande aglomeração.
Um dos últimos estrangeiros a chegar em um dos abrigos, providenciados pela prefeitura do município e Estado, veio de São Paulo e após quinze dias mostrou sintomas suspeitos do coronavírus. Diante essa suspeita, a Vigilância Sanitária da Sesacre, mais uma vez, foi até o local para prestar orientações de higiene e prevenção aos estrangeiros.
“Nós fomos orientá-los sobre o problema que nós estamos, sobre a doença, em que pé está a situação e que eles comecem a ter cuidados de higiene pessoal, que comecem a se proteger, que o Brasil está em quarentena e eles precisam obedecer esse período”, relatou o chefe do Núcleo de Serviços em Saúde da Sesacre, Advagner Prado.
Orientações
As orientações são sobre higiene pessoal, como funciona o isolamento social e o porquê, informações sobre a quarentena e o cenário da pandemia no mundo que são aspectos que implicam diretamente na rota dos estrangeiros e, independem da vontade humana.
Assim, o pacato município de Assis Brasil, com uma população de 7.417 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, passa por um momento de apreensão, pois a cidade está tendo que dar condições básicas de sobrevivência para mais 244 pessoas, além de ajudar os moradores autônomos devido a impossibilidade de desempenhar seu trabalho por causa dos protocolos da quarentena.
Segundo Advagner Prado, a maioria dos estrangeiros ligavam para os compatriotas para que eles se deslocassem até Assis Brasil. “Orientamos para que eles não peçam, não chamem parentes e amigos para irem para o município, porque a prefeitura hoje não tem como manter mais pessoas ainda”, explicou Advagner.
Cultura e religião são principais dificuldades encontradas pelos profissionais
São 111 homens, 75 mulheres, algumas delas grávidas, 58 crianças, totalizando 244 pessoas. Desse número, 12 montanheses, 1 paquistanês, 1 da Costa do Marfim, 2 camaroneses, 2 gaboneses, 3 angolanos, 2 venezuelanos, 2 colombianos e 219 haitianos.
As diferenças culturais, religiosas e dificuldades idiomáticas dificultam o trabalho dos profissionais da Vigilância Sanitária, da prefeitura e do Estado, pois as questões acabam influenciando sobre como eles entendem o momento pelo o qual estão passando, e as condições necessárias para a segurança de todos. “Alguns não aceitam as orientações e ficam tumultuando”, descreve o chefe do Núcleo de Serviços em Saúde da Sesacre, Advagner Prado.
“Um boi a cada dois dias”, diz prefeito
A prefeitura, com o apoio do Estado, disponibiliza três refeições diárias aos estrangeiros. Além dos gastos com alimentação, o município também arca com o transporte dos alimentos e equipe de profissionais médicos, psicólogos e outros.
“São mais de 900 refeições por dia, porque servimos café da manhã, almoço e jantar para eles. A gente mata um boi a cada dois dias. E a gente também gasta com gasolina pra levar essa comida, também temos equipes de saúde para atendê-los”, conta o prefeito do município, Antônio Barbosa.
O Governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos, fez a doação de 250 colchões e 100 cestas básicas que acabaram em dois dias.