O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) apresentou nesta quarta-feira, 25, uma carta após o pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre sua opinião com relação à pandemia de coronavírus.
Na carta os secretários expressam sobre a necessidade em conscientizar a população da gravidade da doença e as medidas necessárias para salvar vidas.
“Assistimos estarrecidos ao pronunciamento em cadeia nacional do presidente da República, Jair Bolsonaro. É preciso demonstrar ao Brasil as suas consequências e a necessidade de que a população perceba a gravidade do momento que estamos vivendo. Temos, juntamente com o Ministério da Saúde, os municípios e a própria sociedade brasileira, empreendido uma intensa luta no enfrentamento da Covid-19. Luta que envolve trabalho, sacrifício, solidariedade, empatia, compaixão com o sofrimento das pessoas e que depende de maneira imprescindível do alinhamento de entendimento e de ações, assim como da união de esforços e de uma direção única e firme”, expressa o documento.
De acordo com o texto, todas as decisões e recomendações do Conass e do Ministério da Saúde têm se baseado em evidências científicas, e também na realidade nacional e internacional e com isso, buscado inspiração nas melhores práticas e exemplos de condutas exitosas ao redor do mundo. Sendo este um o esforço empreendido em defesa da pátria e de todos os brasileiros.
“É dessa forma, desassombrada e corajosa, na direção correta que queremos seguir na missão de defender nossa gente. Não temos qualquer intenção de politizar o problema. Temos construído, sem dificuldade, independente de colorações partidárias, políticas e ideológicas, consensos para o bem do Sistema Único de Saúde – o SUS e, sobretudo com a saúde do povo brasileiro. Este é nosso compromisso. É isso que norteia nossas ações e esforços. Já temos dificuldades demais para enfrentar. Não podemos permitir o dissenso e a dubiedade de condução do enfrentamento à Covid-19. Assim, é preciso que seja reparado o que nos parece ser um grave erro do presidente da República,” expõe o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde.
Na carta os secretários de saúde defendem que, ao invés de desfazer todo o esforço e sacrifício junto com o povo brasileiro, negando todas as recomendações tecnicamente embasadas e defendidas, inclusive, pelo seu Ministério da Saúde, o país deveria ver o presidente da República liderando a luta, contribuindo para este esforço e conduzindo a nação para onde se espera de seu principal governante: “um lugar seguro para se viver, com saúde e bem-estar”.
“Infelizmente o que vimos em seu pronunciamento foi uma tentativa de desmobilizar a sociedade brasileira, as autoridades sanitárias de todo o país. Sua fala dificulta o trabalho de todos, inclusive de seu ministro e técnicos. Todo o apoio à atuação do Ministério da Saúde e sua equipe, que tem trabalhado técnica e cientificamente em todos os momentos. Com saúde não se pode brincar e nem fazer apostas, diante do risco que corremos. É preciso discernimento, coragem e determinação para liderar, unificar e auxiliar a nação a superar mais este desafio de emergência em saúde pública”, pondera o Conass.
Sobre a situação econômica, os secretários dizem ter consciência dos problemas que podem surgir com essas medidas, mas destacam que com o trabalho e a união de todos a economia se estabiliza, já as vidas perdidas não se recuperam.
“Temos plena consciência de que o Brasil e o mundo irá enfrentar uma grave recessão econômica, aprofundamento das desigualdades sociais e empobrecimento. A economia, com trabalho, disciplina, organização e espírito público, se recuperará. Seremos solidários e trabalharemos sem descanso para permitir uma rápida recuperação da nossa economia. Mas é preciso que se entenda, vidas perdidas, não serão recuperadas jamais. Que Deus abençoe cada um de nós que temos trabalhado intensivamente e dormido pouco. Que Deus abençoe e proteja todos os brasileiros e brasileiras”, esta é a mensagem passada por todos os secretários de Estado de Saúde do Brasil.
O secretário de Estado de Saúde do Acre, Alysson Bestene disse que a as secretarias estão irmanadas com as demais instituições de Saúde, do país e do mundo. “Esses profissionais estão profundamente dedicados a enfrentar a pandemia de Covid-19 da melhor forma possível, seguindo os protocolos da Organização Mundial da Saúde. O entendimento da Sesacre é o de união, da informação correta e da sensibilização das pessoas para que neste momento fiquem em casa e sigam as orientações dos órgãos de Saúde, sem medo, sem nervosismo ou pânico, mas com muita cautela e responsabilidade”, explica Bestene.