Durante a última semana, um trabalho de capacitação e investigação de foco de leishmaniose visceral (LV) foi realizado na cidade de Iñapari, Peru, na faixa de fronteira com o Brasil, vizinho ao município de Assis Brasil, no Acre.

A medida adotada foi organizada pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), por meio do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Controle de Endemias em conjunto com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), Ministérios da Saúde do Brasil e Perú e Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).

A doença, conhecida também como Calazar, é a forma mais grave da Leishmaniose e, se não for tratada, pode levar a óbito. A LV é causada pelo parasita Leishmania que é transmitido pela picada de mosquitos infectados. A doença também pode ser transmitida por animais – principalmente cachorros – para o ser humano.

Foi realizada a captura do phlebotomus (mosquito transmissor da doença), testes rápidos em cães para confirmação de casos, além de orientações à população e equipes de saúde.

“Os dados obtidos a partir da pesquisa poderão ajudar futuramente em ações de vigilância e controle da LV nos dois países. Assis Brasil é considerada vulnerável para ocorrência de LV, uma vez que o estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde do Peú com apoio da Fiocruz – Manguinhos demonstrou que 5,22% dos cães examinados em Iñapari foram soropositivos para LV”, explicou a gerente do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Controle de Endemias da Sesacre, Marília Carvalho.

A parceria formada entre Brasil e Peru, foi proposta pelo Programa Nacional de Leishmaniose da OPAS e surgiu a partir da necessidade de confirmar a presença do parasita da doença nessa localidade.

Resultados da ação

Na tarde da última sexta-feira, 29, a equipe que realizou a ação esteve reunida na Sesacre com o secretário adjunto de Atenção à Saúde, Raicri Barros, para relatar a vivência.

De acordo com a consultora técnica da Opas, Samanta Valadas, foram coletadas amostra de material de 156 cães. “Será enviado à Fiocruz para análise laboratorial. Caso o resultado seja positivo, ficará confirmado que o parasita está nos cães”, afirmou Samanta.

Quanto à capacitação para os profissionais da vigilância de Iñapari, Madre de Dios, Puerto Maldonado e Lima, foram ministradas palestras e apresentado o plano de trabalho para combate à doença.

“Agora nós vamos juntos traçar estratégias para fortalecer as ações entomológicas tanto em Assis Brasil quanto no Peru, prevenindo assim uma epidemia dessa doença”, garantiu Raicri Barros.