Ao discursar no encerramento do encontro anual da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF), em Balikpapan, Indonésia, o governador Tião Viana destacou a importância dos estados subnacionais nas políticas que visam melhorar o clima do planeta e a conservação das florestas tropicais existentes.
“Venho aqui em nome da Amazônia Brasileira, com meu colega governador Confúcio Moura, de Rondônia, e abraçando todos os colegas governadores da Amazônia Sul-Americana. Estamos aqui de fato, viemos do outro lado do planeta, das Américas. Aqui estamos, graças a uma inteligente e especial articulação gerada pelo GCF, pelo Wilian Boyd e Collen Lyons, em que unimos aqueles que enfrentam de maneira mais próxima aqueles que tentam conciliar a conservação da natureza e o desenvolvimento das nossas regiões.”
Para Viana, enquanto o debate sobre a crise ecológica estiver ocorrendo somente entre os chefes de Estado, com certeza será mais lento. Porque, segundo ele, as agendas dessas autoridades do planeta ainda não têm como prioridade o desenvolvimento sustentável, a conservação da natureza e a qualidade de vida dos povos.
“É uma agenda quase refém da economia apenas, em uma visão da economia conservadora. O planeta exige outro procedimento, pois vivemos a mais grave crise ecológica. Não há saída se não for uma revisão de procedimentos, de atitudes e de entendimentos”, salientou.
Por isso, explicou que os governadores presentes ao encontro do GCF se reuniram para tentar mostrar que estados, departamentos e províncias são capazes de dar uma resposta bem mais acelerada.
Atalho na história
Tião Viana frisou que a urgência e a emergência do tempo que vivemos têm dado um recado: “Façamos rapidamente e não erremos. Por isso, eu agradeço aos países que estão aqui reunidos, na Indonésia, por um entendimento diferente. Um entendimento que é possível fazer o atalho da história. É possível alcançar respostas imediatas e reduzir a tragédia ecológica em que estamos inseridos”.
Para Viana, as respostas estão sendo apontadas, por meio de cooperação em offset, que os estados nacionais não compreendem, de um modelo de entendimento e pactos regionais, de que é preciso superar a fase de proibição pela fase de solução e respostas positivas.
“Estamos dizendo às universidades do mundo que precisamos fazer com que os algoritmos, as linhas de base atuais, precisam enxergar as comunidades e, de mãos dadas com elas, encontrar resultados.”
Segundo Viana, é necessário romper com os muros das universidades, dos centros de conhecimento. Na sua avaliação, é imprescindível que o exemplo da Noruega seja entendido pelo planeta, assim como o compromisso do governo do estado da Califórnia (EUA), com a agenda sustentável associada com a altivez do desenvolvimento necessário para seu povo, seja compreendida pelo mundo.
Viana fez um chamamento a outros setores não governamentais: “É imprescindível que os setores privados das sociedades entendam que departamentos, províncias e estados das florestas tropicais encontrem uma articulação capaz de chamar todos para uma nova agenda de resultados imediatos. Precisamos enxergar essa oportunidade”.
Conferência do Clima
Tião Viana lembrou que em novembro a Conferência do Clima na Alemanha deve se tornar um marco pós-COP 21, realizada em Paris em 2015, que resultou em uma aliança maior entre os países. “Em Paris fomos afetados, num sentimento de responsabilidade pelo planeta, por interesses da economia formal de alguns países conservadores.”
O governador ressaltou a importância de a agenda de Bonn (Alemanha) se tornar o princípio norteador dos acordos e alianças em prol do futuro sustentável do planeta.
Estado da Amazônia
Viana explicou que é de um estado da Amazônia brasileira, das cabeceiras dos rios, onde o Rio Amazonas, o maior do mundo, joga 17 bilhões de toneladas de água todos os dias no mar, onde as folhas das florestas da Amazônia do Brasil, com mais de cinco quilômetros quadrados, geram 20 bilhões de toneladas de água, caindo na forma de chuva todos os dias.
“Somos o refrigerador do planeta, mas não somos tratados como tal. Não digo isso nem tanto pelos estados nacionais, mas, sobretudo, pela falta de sensibilidade e de uma visão avançada e inteligente das empresas e das grandes indústrias, que dominam a economia global”, cobrou o governador.
Para Viana, não é possível viver em um planeta que gera um movimento financeiro de mais de 70 trilhões de dólares todos os anos e não se tenha sequer um trilhão de dólares para fazer a correção dessa tragédia ambiental em curso, que pode afetar todo o futuro do planeta, da convivência, da civilização e com todos os seres.
No fim do seu discurso, Tião Viana relatou que o Acre concilia conservação da natureza e desenvolvimento. “Registro que o Estado tem 87% do território conservado e não precisamos mais do que os 13% abertos até hoje para levar riqueza, qualidade de vida e cultura para os povos.” E garantiu que há excelente convivência com os índios e com os povos tradicionais.
“Vamos para o futuro de uma maneira inteligente, incorporando a tecnologia para atender com uma visão de qualidade de vida e não uma visão bárbara de desenvolvimento egoísta. Devemos ter compromisso com a agenda planetária inadiável, que é a de uma economia inclusiva, verde, sustentável”, finalizou.