Diante de uma plateia de estudantes e pesquisadores, o governador Tião Viana discursou nesta quarta, 18, sobre a economia sustentável do Acre na Universidade do Colorado, em Boulder (EUA), instituição de onde já saíram cinco prêmios Nobel.
Viana foi à cidade a convite da coordenação da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF – Governor’s Climate and Forests Task Force), para trocar experiências em economia, tecnologia e desenvolvimento sustentável com o governo e a Universidade do Colorado.
O governador acreano iniciou o debate citando o escritor israelense Yuval Noah Harari, autor de obras como “Sapien: uma breve história da humanidade” e “Homo Deus: uma breve história do amanhã”, dizendo que falta aos países mais desenvolvidos um algoritmo capaz de compreender a necessidade de se ter um olhar diferenciado para regiões como a amazônica.
Durante 45 minutos, discorreu sobre as experiências vividas em seu estado, que conserva 87% da cobertura florestal e que consegue manter a floresta habitada e produtiva. “O Acre foi o único estado que reduziu o desmatamento em 15%, enquanto nos demais estados da Amazônia houve um crescimento de 24%. Conseguimos reduzir a pobreza, que praticamente é inexistente nas nossas áreas de floresta”, relatou.
Viana mencionou os avanços que o estado obteve em educação nos últimos anos, saltando do último lugar para os primeiros postos nas avaliações feitas em nível nacional. Apresentou inovações do Instituto de Matemática Ciências e Filosofia e do Centro de Estudo de Línguas, bem como destacou que, a partir deste ano, o Acre será o primeiro estado da Região Norte a implantar o ensino integral para o ensino médio. “Também queremos chegar ao final de 2018 analfabetismo zerado”, complementou.
Tião Viana salientou que o Acre precisa se industrializar, mencionando projetos apoiados pelo governo como o Complexo de Piscicultura, a Dom Porquito e a fábrica de preservativos de Xapuri. Durante sua fala, o governador também salientou a pecuária praticada com tecnologia, sem precisar desmatar para ampliar a área de pasto, os investimentos nas plantações de coco e açaí, o manejo florestal e a produção de castanha-do-brasil.
“Queremos crescer de forma sustentável e conservando a floresta. Recentemente, durante conversa com o governador da Califórnia, Dan Brow, eu disse que o Acre, um estado pequeno, irá reduzir 300 milhões de toneladas de emissão de carbono, enquanto eles irão reduzir 360 milhões de toneladas”, disse.
Viana finalizou a sua explanação destacando o respeito que há como as populações tradicionais, principalmente as indígenas, lembrando que na Amazônia estão os verdadeiros guardiões da floresta. “Devemos nos preocupar com o que faremos com a tecnologia, o que iremos fazer com a natureza. Infelizmente, em algumas nações mais desenvolvidas o algoritmo do desenvolvimento sustentável não está instalado. No Acre estamos cumprindo com a nossa parte, conciliando conservação, desenvolvimento econômico e inclusão social”.
A seguir, o governador respondeu a perguntas sobre política indígena, madeireira, energia nas regiões isoladas, relações com os diversos segmentos da sociedade, exploração madeireira e tráfico na fronteira. “No Acre temos uma experiência sul-americana balizada em princípios de desenvolvimento sustentável que converge para objetivos bem definidos”, destacou.
O que eles disseram
“Achei muito interessante aprender como o Acre está conseguindo conciliar a conservação da natureza com o desenvolvimento econômico sustentável. É muito interessante o sucesso que vem sendo obtido com uma economia de baixo carbono.”
Pete Newton, professor Assistente do Programa de Estudos Ambientais da Universidade de Colorado Boulder
“Fiquei muito impressionada com o sistema de desenvolvimento econômico e sustentável que o Acre está estabelecendo. E interessada em continuar esse trabalho no Brasil quando voltar, em 2018”.
Fernanda Leite, doutoranda amazonense na área de engenharia ambiental, com foco na geração de energia, que estuda nos EUA por meio do programa Ciência sem Fronteira
“Assistir à palestra foi uma oportunidade muito legal. Conheço o Acre, pois morei quase o ano passado todo na região de Brasileia. Considero a participação do governador no debate muito importante para que as pessoas conheçam o que acontece na Amazônia. É bom saber que a crise política vivida no Brasil terá menor impacto porque o Acre tem parceiros importantes que ajudam a investir nas populações tradicionais.”
Catherine Name, doutoranda em História pela Universidade de Indiana