A valorização da cultura, do idioma e das tradições dos povos indígenas está sendo abordada na Oficina de Língua Hãtxa Kuin, que teve início nesta semana no Centro de Estudo de Línguas (CEL). A oficina, com carga horária de 20 horas, é ministrada pelo escritor e professor indígena Joaquin Maná.
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O estudo é uma proposta do governo do Acre por meio da Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE), que agora, além dos idiomas estrangeiros, disponibiliza no CEL o aprendizado da língua do povo Huni Kuin.
“Essa é uma forma de valorizar e preservar a cultura dos indígenas e também uma oportunidade de a população aprender sobre os idiomas falados por alguns dos nossos povos amazônicos”, explica a coordenadora do CEL, Claudenice Santos.
O professor Joaquin Maná reitera a importância do apoio do governo do Estado em promover essa integração entre os povos.
“Aqui temos uma diversidade de pessoas e queremos muito agradecer esse incentivo do Estado. Vamos levar o conhecimento para a sala de aula dentro das aldeias. Já temos professores que buscam manter nossa cultura, e assim vamos manter as tradições e a integração dos povos. Isso é bom para nosso povo nas aldeias e para que as pessoas aprenderem um pouco da nossa cultura”, disse Maná.
Resgate histórico
Entre os participantes do curso, alguns indígenas buscam o aperfeiçoamento para transmitir aos demais membros da comunidade. Marivalda Huni Kuin afirma que busca o ensino para que possa resgatar a linguagem que ao longo dos anos não era utilizada com a mesma intensidade.
“No passado os invasores das terras indígenas em busca da borracha fizeram com que nossos antepassados utilizassem a língua dos brancos, mas nossos parentes sempre falavam da nossa cultura, então eu tô aqui em busca de novos conhecimentos da nossa língua pra levar pro nosso povo”, disse Marivalda.
Participar do curso para diversificar o conhecimento a partir das culturas indígenas. Foi com esse objetivo que Victor Ribeiro buscou o curso.
“Eu venho para diversificar meu conhecimento, aprender novas culturas e através da língua a gente pode acessar alguns conhecimentos, então eu vim com esse intuito de conhecer essa língua e acessar esse conhecimento rico do povo Huni Kui, principalmente pra eu poder me relacionar e comunicar com a floresta. Ter um professor indígena facilita muito o aprendizado”, ressaltou Ribeiro.
Siã Huni Kuin, veio do Envira, na região de Feijó, para participar das atividades e superar as dificuldades com a escrita em português. “Eu tenho dificuldade de escrever em português e quero aprender a passar pro meu povo algumas coisas, esse estudo vai permitir às pessoas conhecerem a tradição dos nossos povos, é muito bem está aqui e poder participar desse estudo,” ressaltou o indígena.
Joaquin Maná
Joaquin Maná é bastante conhecido por suas publicações sobre a língua e a cultura de seus povos. Desde 2015 buscando tornar conhecida a cultura do povo Huni Kui publicou algumas obras para contribuir com o ensino indígena. Já são mais de 4 obras publicadas e outras estão em fase final de edição.
Além da cultura Huni Kui, está previsto o ensino da linguagem dos povos Ashaninka, Madirra, Jaminawa e Manchineri e os editais serão publicados nos próximos meses.
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