A volta às aulas é um momento muito esperado pelas crianças, que querem rever os amigos e mostrar o item mais apreciado por elas: a nova mochila escolar. Com rodinhas ou sem, a verdade é que o acessório pode ser tornar vilão nessa história, caso utilizado de forma errada em relação à postura e ao sobrepeso de materiais como livros, cadernos e apostilas.
O excesso de peso nas costas ou o erro de postura na hora de puxar a mochila de rodinhas pode causar sérios problemas de coluna para os pequenos, como cifose (aumento da curvatura da coluna vertebral, popularmente chamada de corcunda), dorsalgia (dor nas costas), lombalgia (dor na região lombar) e escoliose. O alerta é do ortopedista Marcelo Pimenta, da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), que orienta supervisão dos pais e da escola e dá dicas importantes sobre o uso correto do acessório.
“Tenho atendido muitos adolescentes com queixas de fortes dores nas costas, relacionado ao sobrepeso das mochilas. Hoje, a vida escolar têm muito mais livros que na minha época, em que português, por exemplo, tínhamos apenas um. Hoje tem gramática, redação e por aí vai. Então, a dica é fazer rodízio do material, levando apenas o que estiver no cronograma do dia, limitando o máximo possível de peso, além é claro, da opção da mochila com rodinhas. Os jovens rejeitam essa alternativa, mas é preciso a conscientização que não é a moda que está em jogo, e sim, a saúde”, orienta.
O profissional observa ainda que um erro comum, e que deveria ser alvo de fiscalização dos órgãos competentes, a exemplo do Inmetro, é que os fabricantes de mochilas não colocam nenhum tipo de orientação a respeito da utilização correta, além do peso máximo recomendável para uso por faixa etária. “Existe uma falha quanto a isso. Hoje em dia quase tudo vem com recomendação, e algo que traz risco à saúde se utilizado de forma errada, no mínimo, deveria ter essa condição como obrigatória”, analisa o ortopedista.
Fica a dica
Na hora de comprar a mochila, uma boa dica é optar por aqueles modelos tradicionais de dupla alça, quando a opção não for de rodinhas, que permitem melhor distribuição do peso.
O peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde, das mochilas, é de 10% do peso da criança.
Como alternativa, as escolas também deve disponibilizar armários individuais para que o material utilizado durante a semana seja guardado.
Ao invés de vários cadernos distribuídos por matéria, apenas um com divisórias ou um fichário, como forma de reduzir o peso da mochila também é uma boa opção.
Os pais devem ficar de olho no que os pequenos andam colocando na mochila sem necessidade escolar como brinquedos, muitos estojos, canetinhas, álbuns de figurinha e gibis.
As mochilas de rodinhas podem ser usadas, desde que da forma correta. Quando a criança estiver puxando, o braço não deve ficar totalmente esticado.
Em caso de mochilas nas costas, a orientação é que elas devem ficar na altura dos ombros e toda apoiada ao longo das costas. Alças que prendem na frente também ajudam a dar mais estabilidade.
Os alimentos devem ser levados em uma lancheira.
Se a criança começar a reclamar de dores pelo corpo ou dores nas costas, procurar um ortopedista.